Vicentinos relatam o medo, falam de superação e perdas durante a batalha contra a doença e se emocionam ao receber vacina

Vacinação é um ato de amor e de vida, por isso o assunto é levado a sério em São Vicente, Cidade da região que mais tem incluído novas faixas etárias no calendário de imunização. Por um lado existe um planejamento criterioso por parte da Secretaria de Saúde (Sesau), e por outro estão os relatos de alívio e esperança de vicentinos que esperaram pela tão sonhada vacina. 

A cabeleireira Abgail Motta faz parte dessa história. Aos 45 anos, ela pôde sentir a emoção de receber a primeira dose do imunizante contra a Covid-19. Com lágrimas de alegria, ela esperava, ansiosamente, a enfermeira preparar a vacina e comemorou ao final da aplicação. “O sentimento é de vida, de saber que a chance da sobrevivência agora é bem maior.”

Em um momento tão importante para ela, Abgail só conseguia pensar na família. Todos residem em Fortaleza/CE e a angústia aumentou quando ela soube das notícias dos familiares que contraíram a doença. “Meu irmão ficou três meses intubado. Foi um milagre ele sair vivo, mas até hoje não se recuperou totalmente. Meu pai e minha irmã também contraíram a doença. Foram dias difíceis e agora só espero que tudo isso passe”, relata a cabeleireira.

O radialista e mestre de cerimônias, Marcos Machado, de 40 anos, conhece muito bem o sofrimento que Abgail passou. Além de ter pessoas próximas que foram contaminadas, ele também viveu a triste experiência de ser diagnosticado com a Covid-19.

A emoção tomou conta quando ele descobriu que já poderia se vacinar a partir de terça-feira (22), em São Vicente. Um filme passou pela sua cabeça e ele deu relatos impactantes sobre os dias em que lutou pela vida. Um verdadeiro testemunho que serve de alerta para as pessoas que ainda acham que a doença não é séria.
“Meus sintomas evoluíram muito rápido. No começo, apenas 7% do meu pulmão estava comprometido, mas dois dias depois essa porcentagem já tinha saltado para mais de 50%. Quando fui transferido para outro hospital, comecei a ficar mais assustado. A ambulância chegou e eu não consegui levantar da cama para ir até a maca. Eu recebia oxigênio, porque sem ele era quase impossível respirar.”

Para quem nunca tinha passado por uma internação, a experiência de estar em uma ala hospitalar só com pacientes infectados pelo coronavírus foi marcante. “No meu primeiro dia, lembro de ver um homem sendo transferido para a UTI e só conseguia pensar nos meus filhos. Ali, o paciente não tem o que fazer, só orar e confiar”, conta Marcos.

Aos poucos, a batalha foi sendo vencida e a cada dia que passava, ele comemorava cada conquista. Como a vez em que conseguiu tomar banho sozinho, depois de vários dias recebendo ajuda das equipes de enfermagem. Marcos está 100% recuperado, mas a Covid-19 ainda é uma ferida aberta em seu peito. “Um amigo meu da rádio onde trabalho também contraiu a doença e ainda tenho a última mensagem dele salva no meu celular, dizendo ‘Fica firme! Vamos sair dessa’. Infelizmente ele não resistiu. Ele era meu parceiro, me ajudou muito. Além dele, perdi uma amiga e minha sogra, pessoas muito próximas. Dessas perdas eu ainda não me curei”, desabafa.

Como toda situação difícil, essa também deixa uma lição: ver a vida com outros olhos. “A gente busca muito a felicidade, mas ela está no nosso dia a dia”, conclui Marcos Machado.

A vacinação é o início de uma nova fase para muita gente, um ato coletivo de amor e cuidado. Aqueles que já tomaram a primeira dose devem ficar atentos aos prazos e voltar para completar o ciclo de imunização. Aos que já estão imunizados, os cuidados devem continuar. Até o momento, mais de 144 mil doses de vacinas contra a Covid-19 já foram aplicadas em São Vicente. 

Com o tempo e a consciência de cada um, a vida vai voltar ao normal e a pandemia será apenas uma lembrança.

Para saber mais informações sobre a campanha de vacinação em São Vicente, basta acessar os canais de comunicação da Prefeitura:
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Por Maria Angélica Medeiros