Dia do Folclore Brasileiro - Lendas Vicentinas II: Ipupiara

Em 22 de agosto é comemorado o Dia do Folclore Brasileiro. Baseada no livro da jornalista Rafaella Martinez Vicentini, “Cantorias dos Povos de Guaiaó”, uma série de lendas e histórias de São Vicente será apresentada com o objetivo de valorizar a cultura da nossa terra.

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Em 22 de agosto é comemorado o Dia do Folclore Brasileiro. Baseada no livro da jornalista Rafaella Martinez Vicentini, “Cantorias dos Povos de Guaiaó”, uma série de lendas e histórias de São Vicente será apresentada com o objetivo de valorizar a cultura da nossa terra.

O ano era 1564. Os habitantes da pequena Vila de São Vicente se recuperavam do maremoto que destruiu a primeira Igreja Matriz e algumas casas próximas à praia.

Em uma bela noite estrelada, uma índia caminhava tranquilamente pelas areias da praia enquanto todos da Vila dormiam. O único som que se escutava era do mar quebrando nas pedras.  

Perdida em seus pensamentos, a jovem percebeu uma estranha movimentação na água, seguida de um estrondo muito alto. Seria um novo maremoto? Ou, pior, seria Ipupiara, o demônio d’água que já havia devorado inúmeras pessoas que tentaram o enfrentar?

De repente, saiu do mar uma figura de mais de três metros de altura, braços longos, pés de barbatana, dentes pontiagudos e corpo coberto de pelos, com focinho e bigode. Horrível e assustador. Era Ipupiara!


 
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A índia correu desesperada de volta para a Vila e bateu na porta do quarto do capitão português Baltazar Ferreira para contar o que havia visto. O capitão, bravo por ter sido acordado e duvidando da palavra da moça, resolveu calçar suas botas e conferir com os próprios olhos se, de fato, tratava-se do terrível monstro.

Com sua espada em mãos, Baltazar caminhou até a praia a passos largos e, ao chegar, notou enfim que o monstro não era um delírio de Irecê. Em um ato de bravura, o capitão ergueu sua espada com vigor e partiu em direção ao animal.

Percebendo a intenção de Baltazar, Ipupiara soltou um urro e correu desengonçadamente para confrontá-lo. Toda a Vila de São Vicente acordou com o barulho. Os índios guerreiros apanharam seus arcos e lançaram flechas flamejantes em direção ao monstro na intenção de ajudar o capitão. Baltazar Ferreira aproveitou-se da distração e, em um golpe certeiro, cravou a espada no ventre de Ipupiara.

Já morto, o animal foi carregado pelos índios até a Vila, onde ficou exposto para que todos pudessem ver que o perigo que cercava os mares havia, finalmente, acabado. Para celebrar, o capitão fez um grande banquete e todos comemoraram o fim do demônio d’água, que aterrorizou a Vila de São Vicente por muitos anos.
 
Confira o podcast: https://open.spotify.com/episode/4xlOXPC0yWwrigpiIIZpWu?si=NdcwPKHcSZ6RrRwUI6VB6g&dl_branch=1


Por Isabella Paschoal


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