Instituição vicentina auxilia usuários de drogas à reinserção social

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Associação Beneficente Restaurando Vidas faz o trabalho há 8 anos através da religião e muita dedicação

Há dois anos e meio, Francisco Denísio da Silva Lopes, 44 anos, perambulava sem rumo nas proximidades da Praça Barão do Rio Branco, no Centro de São Vicente. Largou os estudos aos 14 anos, e desde então, é dependente químico. Quando questionado sobre o motivo de morar na rua por 12 anos, dizia que era por vontade própria. Na verdade, só estava à espera de alguém lhe estender a mão e oferecer ajuda.

Por intermédio de um ex-interno, soube de um lugar que realizava trabalhos de reinserção de moradores de rua e usuários de drogas na sociedade: a Associação Beneficente Restaurando Vidas. Procurou o pastor Marco Antônio dos Santos, fundador da instituição. Ele o acolheu e hoje, Francisco é pedreiro e está livre do vício. A palavra que resume sua experiência na Associação é “gratidão”.

“Esse projeto mudou muito a minha vida e tem mudado até hoje. Eu aprendi sobre me doar a cada dia”, diz Francisco, com lágrimas nos olhos. Ele mostra que, com força de vontade e a confiança de alguém, é possível reescrever sua história.

Francisco é apenas um de cerca de 30 internos da Restaurando Vidas. Oficialmente, a Restaurando Vidas foi criada há oito anos, mas  Marco Antônio se dedica à causa há 20. Ele começou abrindo sua própria casa a pessoas em situação de rua. Chegou até a catar latas em troca de algumas moedas. O pouco que tinha, montava cestas básicas e doava às famílias, qualquer ajuda era bem-vinda. Em 2013, a Associação foi registrada. Hoje, os internos são vivem em uma casa próxima à sede, onde cada um tem tarefas para manter o funcionamento da mesma.

“Nós temos aqui pessoas totalmente transformadas. A fé é uma forma de incentivo para que eles possam ter esperança e saberem que nem tudo está perdido”, ressalta Marco.

Nesse tempo, cerca de 10 mil ex-adictos passaram pela casa, segundo o pastor. Eles podem ficar alguns dias ou até anos, como é o caso de Pedro Vieira Gomes Júnior, 28 anos. Depois de ser preso e enfrentar dificuldades financeiras, ele atualmente é profissional autônomo, graças aos cuidados que recebeu. Para ele, isso não basta – é preciso auxiliar outras pessoas com histórias de vida parecidas. Por isso, ele se tornou pastor.

Recuperado, pretende realizar muitos outros sonhos. “Com a minha sanidade mental de volta, eu quero um emprego, uma casa e constituir minha família”. “Esse é um projeto sério. Quem quiser mudar de vida, esse lugar dá todo o parâmetro. Eu sempre vou levar no meu coração”, completa.

Além da participação nos cultos, estudos e trabalho doméstico, os internos têm um tempo para lazer. Nas quintas-feiras e sábados, eles vão para a praia e praticam esportes.

Como ajudar – Apesar de não faltar dedicação e amor envolvido, os recursos são limitados. Seu maior sonho é mudar a sede para um lugar mais espaçoso, para que mais pessoas possam ser abrigadas.

A casa é mantida por aluguel e a ajuda monetária vem do dízimo dos cultos e das famílias dos internos. Por não ser proprietário da casa, o pastor se preocupa em ter que devolver o lugar ao dono. Mas ressalta que, se o fizesse, não interromperia o serviço.

Quem quiser ajudar doando móveis, alimentos ou dinheiro, pode ir à Associação, localizada na Rua Frei Gaspar, 2.403 – Parque São Vicente, ou entrar em contato com o pastor Marco pelo telefone (13) 99752-1989.

Utilidade Pública – A gratificação do trabalho não veio apenas dos internos e das famílias. A Associação recebeu em outubro o título de Utilidade Pública pelo prefeito Pedro Gouvêa em outubro deste ano. A concessão do certificado dá reconhecimento do poder público de prestação de serviços à comunidade, sem fins lucrativos.

Deste modo, a Resgatando Vidas pode inscrever-se em editais e estar apta a obter recursos públicos, ou até mesmo o documento de Utilidade Pública em âmbito Estadual ou Federal.