Com tratamento humanizado, eles proporcionam um atendimento especializado de acordo com cada situação
Quem vê a casa na Avenida Capitão-mor Aguiar, 436, onde funciona o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP) não imagina que por ali passam diariamente cerca de 120 pessoas. Cento e vinte histórias diferentes que levaram cada um deles até lá.
Os responsáveis por encaminhar cada morador de rua para o local são os membros da equipe de abordagem de rua da Secretaria de Assistência Social que possui, atualmente, dez pessoas divididas em duas equipes que trabalham das 7 às 23h.
A chefe de departamento da equipe, Vasti Inácio da Silva, que está há mais de 30 anos trabalhando com os moradores de rua, conta uma das muitas histórias que vivenciou. É sobre Francisco, cuja mãe tinha problemas com álcool durante toda a gravidez e tirava o sustento no lixão da Sambaiatuba.
Logo quando nasceu, Francisco teve uma convulsão devido à grande ingestão de bebidas alcoólicas da mãe. Desde os 4 anos ele vivia andando pela rua e passava sempre pelo Centro POP onde Vasti sempre o ajudava. A mulher recorda emocionada que Francisco era uma criança muito linda, mas após a morte da mãe, aos 6 anos de idade, fumou 27 pedras de craque de uma só vez.
Vasti o encontrou depois de alguns dias, todo sujo e em uma situação de saúde complicada. A criança recebeu ajuda médica e depois ele e os irmãos ficaram sob os cuidados da equipe. Hoje, está com quase 40 anos de idade e como desenvolveu problemas psiquiátricos pelo uso das drogas está internado numa clínica no interior de São Paulo. “Esse menino me marca até hoje, porque ainda mantenho contato com ele”, completa.
O trabalho da atual equipe de abordagem de rua é definido pela chefe de departamento como “difícil, porém necessário”. O grupo percorre as ruas da cidade, geralmente a pé e conversa com os moradores, convencendo-os para que a acompanhem ao Centro POP. Quando chegam à casa, eles preenchem uma ficha e se desejarem podem receber um kit de higiene, tomar banho e esperar o café da manhã, que tem horário estendido até meio-dia. Também podem usar a estrutura para lavar roupa e descansar.
No local, a população em situação de rua também pode receber orientação de assistentes sociais e psicólogos que analisam caso por caso e se for necessário, há o encaminhamento à Casa de Passagem. A chefe de departamento ressalta que a maioria dos moradores de rua na Cidade não é de São Vicente e, por isso, muitas vezes se faz o recâmbio dessas pessoas para as cidades de origem. O tempo de permanência na casa de passagem depende da avaliação de cada pessoa, já que isso é determinado após o atendimento preliminar das assistentes sociais.
Ela também ressalta que o maior problema observado com os moradores de rua são as drogas. “A pior delas é o álcool, porque é onde tudo começa. Depois disso evolui rapidamente para a maconha e para drogas mais pesadas.”
Para o Diretor da Proteção Social de Média Complexidade, Felipe Galvão, é muito importante que a Secretaria de Assistência Social esteja fazendo esse trabalho com os moradores de rua, e que a equipe de abordagem é fundamental, uma vez que os agentes fazem o primeiro contato e ofertam todos os serviços disponíveis, desde atendimento de saúde, aquisição de documentos e até um possível recâmbio para a cidade de origem.
O Centro POP é a principal referência na Cidade para o atendimento da população de rua. Denúncias podem ser feitas através dos telefones (13) 3467 – 9301/ 3568 – 8033. Para acionar o plantão 24 horas ligue 9735 – 2448 ou 0800 77 00 706.