Competição emociona professora que participou do JORI por 18 anos

Esmeralda Trindade, 82 anos, deixou a dança após problemas de saúde. Coreografia fortaleceu laços de amizade e reavivou lembranças

Compartilhe!

Curtir
 Em meio ao barulho da torcida e da música que embala os bailarinos na quadra, ela chama atenção. Seus olhos brilham. Parece distante – e está.  A aposentada Esmeralda Trindade, 82 anos, por 18 anos participou dos Jogos Regionais do Idoso (JORI) representando a cidade de Santos. Problemas de saúde a afastaram de uma de suas maiores paixão: a dança. Mesmo longe da equipe, a ex-professora de Educação Física fez questão de comparecer à competição de Coreografia realizada nesta quarta-feira (7), no Clube de Regatas Tumiaru, em São Vicente. Lá reviu velhos amigos e se emocionou com o espetáculo.

“Participei do JORI por 18 anos. Dançava na equipe de Santos. Em 2012 tive de operar um câncer. Em 2013 tive H1N1 (um tipo de gripe) e minha imunidade baixou ainda mais. Tive que parar as atividades por um tempo. Senti muito”, disse Esmeralda, que mora em São Vicente.  Os olhos marejados denunciaram a emoção.

Esmeralda é formada em Educação Física. Lecionou em escolas de São Vicente a partir da década de 1960, entre elas a EMEF Augusto de Sain’t Hillaire, no Catiapoã, sendo uma das primeiras docentes da unidade. O esporte, a dança e a educação sempre foram importantes em sua vida. Mesmo após a aposentadoria, ela não parou as atividades. “Na época São Vicente não tinha um trabalho grande com idosos como tem hoje. Então fui para Santos. Lá comecei a participar do grupo de dança”, recorda.

Em 2015, um acidente a tiraria de vez das competições e da vida social ao lado do grupo da Melhor Idade. “Estava feliz, pois pretendia fazer a minha festa de 80 anos. Mas tomei um tombo na rua. Não teve a festa e não teve mais a dança. A dança fica difícil, mas a festa só foi adiada. Ainda vou fazer”, afirmou Esmeralda, segurando firme a bengala que passou a usar recentemente.

Mesmo com a mobilidade reduzida, ela faz suas atividades normalmente. Inclusive foi sozinha até ao Tumiaru, que fica próximo a sua casa. “Uma amiga ligou falando que teria a dança hoje e também vi no jornal. Não poderia perder a chance de ver os amigos e torcer para São Vicente, cidade onde moro, e Santos, onde dancei por tantos anos”, destacou. Até pouco antes do acidente a aposentada fazia aulas de sapateado. Guarda as recordações do tempo de Jori na memória e em retratos. Um deles fica exposto carinhosamente em cima de seu piano.

Amizade - Esmeralda é muito querida e reconhecida pela modalidade que representou por quase duas décadas. A chefe da delegação do município de Santos, Tosca Sicilia Padovani, a encontrou na arquibancada e fez questão de ressaltar as qualidades da professora e a falta que ela faz na equipe.

“Ela é muito respeitada no meio. Ela era liderança no grupo, aquela que ficava na frente incentivando, até por ser professora de Educação Física, sabia como puxar a coreografia e ajudar os colegas. Era muito exigente com ela mesmo. Fazia um tempo que não a via. Fiquei muito feliz em revê-la aqui. Disse para o grupo: a Esmeralda está aqui, entrem e dancem por ela e para ela”, disse a chefe da delegação santista.

A amiga Maria Cecília foi quem ligou para Esmeralda avisando que nesta quarta-feira teria a competição de Coreografia. As duas se conheceram nas atividades da Melhor Idade. “Nossa amizade nasceu em 2000. Sempre mantemos contato. Nossa amizade nasceu na dança e é uma amizade verdadeira. Não participamos mais das atividades, mas, de lá para cá, nosso vínculo apenas cresceu. Somos uma grande família”.

Álbum de Fotos