13/05/2023
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Dia das Mães: vicentina dá volta por cima e sonha inspirar mães
A oportunidade de ser mãe é uma dádiva concedida à mulher. É deixar o legado para as futuras gerações. No entanto, há um conceito geral da sociedade que idealiza a gravidez como um processo lindo, de pura alegria e paz. Nem sempre é assim. Também é um período de adaptações e mudanças no corpo. Nem todas reagem bem a essas alterações.
Mãe da pequena Maria Luísa Bitencourt, de 2 meses, Lorrany Ferreira Bitencourt, de 24 anos e moradora do bairro Vila São Jorge, quer utilizar sua história para inspirar outras mães e estimulá-las a buscarem orientação.
A jovem descobriu, no meio do ano de 2022, que daria a luz, um dos momentos mais felizes de sua vida. “Amei a notícia. Muito mesmo”, conta. Entretanto, fatos inesperados vieram à tona e, o que era um sonho, foi se tornando um pesadelo. “Descobri que estava com descolamento de placenta. Isso me abalou muito”, relembra.
O descolamento de placenta acontece quando ela é separada do útero prematuramente, causando cólica abdominal forte e sangramento vaginal em gestantes com mais de 20 semanas de gestação. O caso é preocupante, pois pode pôr em risco a saúde da mãe e do bebê. Por isso, em caso de suspeita, é recomendado ir imediatamente ao pronto-socorro para atendimento com o obstetra, para diagnosticar e tratar esta situação o mais rápido possível.
Pouco tempo após o diagnóstico, mais um baque em sua vida: Lorrany perdeu uma parente próxima. “Eu estava abalada, sem forças para levantar da cama até”.
A moradora da Vila São Jorge se via desamparada e, segundo conta, não queria buscar ajuda. “Minhas amigas falavam: ‘vá atrás de um acompanhamento, você está precisando’. Porém, eu não queria escutá-las. Achava que simples conversas com elas resolveriam. Na verdade eu estava apenas me autossabotando", frisa.
Os problemas de saúde foram se agravando. Lorrany passou a ter ataques de pressão constantes e, devido a isso, começou a visitar o hospital com frequência. Foi quando uma nova luz acendeu-se em sua vida: o programa ‘Acolhe Mãe’, do Fundo Social de Solidariedade de São Vicente (FSS-SV).
“Uma enfermeira detectou meu problema e detalhou o funcionamento do Acolhe Mãe. Me interessei e fui até a UBS me informar. Quando recebi o telefonema confirmando que deu certo meu cadastro, quase pulei de alegria. Foi um alívio muito grande”, explica.
Dali em diante, o projeto estendeu a mão à mãe e sua filha, oferecendo, além de terapia gratuita, acompanhamento pré-natal.
“Logo na primeira sessão já me senti muito melhor e fiquei ansiosa pela segunda. Foi essencial para que eu conseguisse trazer minha filha ao mundo com saúde”, relembra.
As terapias foram ajudando Lorrany a se reerguer, e sair de casa já não era mais um empecilho. O tempo passou e, dois meses depois, a pequena Maria Luisa veio ao mundo para dar ainda mais alegria e luz à vida da mãe. “Ela é meu tudo, minha pequena princesa”, comenta.
De cabeça erguida, a jovem não esquece o duro processo vivido durante a gravidez e ressalta a importância do plantão de psicologia em sua vida. “Se eu puder dar um conselho a vocês, grávidas e puérperas, é: façam. Não percam tempo. Terapias salvam vidas”.
Hoje, com sorriso no rosto e a pequena no colo, ela exala felicidade e autoestima. “Gratidão por tudo o que tem acontecido em minha vida. Eu estava no fundo do poço e pude me reerguer graças a esse lindo projeto”.
Acolhe Mãe
Idealizado pela presidente do Fundo Social de São Vicente, Thaynã Carneiro, o programa, inicialmente, beneficiava gestantes de médio e alto risco. Agora, foi estendido para todas as mães da Cidade que solicitem acompanhamento.
O Acolhe Mãe oferece plantões de psicologia e, ao final do acompanhamento, as mães são contempladas com a doação de kits de enxoval arrecadados pelo FSS-SV.
“Ser mãe é dar sequência ao seu legado em vida. No entanto, muitas mamães têm dificuldade em lidar com um processo tão complexo como a gravidez. Identificamos que poderíamos ajudá-las a passar por esse período prestando assistência com muito carinho e amor para que, no futuro, elas possam retransmitir essas energias aos pequenos”, detalha Thaynã.
O Acolhe Mãe também cruzou a ponte e, agora, além de atender na região Insular (Unidade de Saúde Básica Central (UBS Central, na Avenida Antônio Emmerich, 509 - Vila Mello), dispõe de uma sede na Área Continental (Unidade da Saúde da Mulher, na Rua Salvador, 60 - Vila Ponte Nova). As gestantes que desejam cadastrar-se no programa têm como opção a ida até a UBS mais próxima de suas residências ou o link a seguir: https://www.saovicente.sp.gov.br/formulario-programa-acolhe-mae.
Até o momento, cerca de 200 mamães vicentinas já foram beneficiadas com a iniciativa.
Por Guilherme Sibilio