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Santos - São Paulo - Brasil, 06 de maio de 2024.
20/06/2023
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#1 Dia do Imigrante: ''Eu me sinto brasileiro'', conta professor de São Vicente
Comemorado no domingo (25), o Dia do Imigrante é celebrado por todos os cantos do maior país da América do Sul, conhecido pela receptividade a pessoas que adotam o Brasil como segunda pátria. 
 
Em São Vicente, tal pluralidade é notória, também, no universo escolar, com um professor e vários alunos estrangeiros integrando a rede municipal de ensino.
 
Nesta série de quatro reportagens que iniciamos nesta terça-feira (20), vamos contar a história de um jovem vindo de um país africano onde se fala o português e que se transformou em um ‘homem dos números’, atuando como professor de matemática em uma unidade educacional da Náutica 3.  
 
Aqui, onde agora vivo, ainda não consegui
encontrar o elixir
que convença o tempo
a mudar o horizonte
 
(Manuel C. Amor - poeta angolano)
 
 
Além de diversos estudantes vindos de outras partes do mundo, a rede municipal de São Vicente tem no quadro de colaboradores um professor que depositou no Brasil a esperança de uma vida melhor. Docente de matemática na UE Vera Lúcia Machado Massis (Náutica 3), José Martins Guerra, 63 anos, nasceu em Angola, país do continente africano. 
 
Ele tinha 16 anos quando atravessou o Oceano Atlântico com os pais portugueses e os dois irmãos mais novos. Embora fosse bem jovem, o professor se lembra com detalhes dos motivos que trouxeram a família para terras tupiniquins. “Morávamos em Luanda, Capital de Angola, quando houve a Revolução dos Cravos, em Portugal, dando a independência para as colônias”. Angola era uma dessas colônias portuguesas, começando, então, uma briga política pelo poder. O MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) foi o partido vitorioso, mas grupos guerrilheiros descontentes iniciaram um grande conflito armado. “Ficamos em Portugal por um ano, mas tanto Angola como Portugal estavam bem conturbados. Seguimos para o Brasil porque duas tias já viviam aqui e fomos morar na Rua do Colégio (Centro)”.
 
Na escola, a adaptação se deu aos poucos. “Eu tinha sotaque carregado, porém nunca me incomodei com as piadas. Tudo foi muito tranquilo, porque eu aceitava a brincadeira. Agora, meu sotaque é brasileiro”, reconhece, em tom de brincadeira.
 
Na vida profissional, o docente atuou durante anos no ramo da eletrônica, chegando a ter a sua própria oficina. Paralelamente com o trabalho, fez faculdade de Ciências Contábeis, pós-graduação em Auditoria e Controladoria, até que partiu para a Matemática. “Passei no concurso e, depois de 25 anos, mudei de área. Estou efetivado como professor de São Vicente desde 2010”.
 
Também no Brasil constituiu família, casando-se com uma sergipana (“estado que fica na mesma direção de Angola”). O filho do casal tem 31 anos e fez o caminho contrário do pai: trabalha e mora em Portugal. “Ano passado fui para Porto visitar meu filho, minha nora e minha netinha, de 3 anos”. 
 
Há quase cinco décadas vivendo em São Vicente, ele conta que seu coração está aqui. “Eu me sinto brasileiro hoje. Afinal é mais tempo de vida no Brasil do que em Portugal ou Angola. Um país que nos acolheu bem, onde conseguimos trabalhar, nos desenvolver e construímos nossa própria vida”.


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Texto - Mariana Pinho e Renato Pirauá

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