#2 Dia do Imigrante: afegão declara amor pelo Brasil e deseja ''Salaam Aleikum''

Há menos de um ano em São Vicente, Danyal, 9 anos, estuda na UE Sebastião Ribeiro da Silva (Tancredo Neves)

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Comemorado no domingo (25), o Dia do Imigrante é celebrado por todos os cantos do maior país da América do Sul, conhecido pela receptividade a pessoas que adotam o Brasil como segunda pátria. 
 
Em São Vicente, tal pluralidade é notória, também, no universo escolar, com um professor e vários alunos estrangeiros integrando a rede municipal de ensino.
 
Nesta segunda reportagem, da série de quatro que iniciamos na terça-feira (20), vamos apresentar a história do estudante de uma unidade educacional, do bairro Tancredo, que é refugiado do Afeganistão e veio com a família residir no Brasil para tentar uma melhor oportunidade de vida, já que seu país de origem encontra-se em estado de guerra e possuí um regime de governo autoritário. 
 
Amanhã vamos deixar as tristes ruínas da vida
E vocês ficarão miseráveis e descobertas
No limbo do tempo
Sem qualquer morada
 
(Nadia Anjuman - poetisa afegã morta em 2005, aos 24 anos, assassinada por espancamento pelo marido)
 
 
Danyal Azizi, de 9 anos (ou 10, pelo calendário oficial do Afeganistão), é refugiado de seu país e veio para o Brasil junto com a sua mãe, pai e dois irmãos. Instalados aqui desde agosto de 2022, Danyal estuda na UE Sebastião Ribeiro da Silva (R. Quirino Mario Biasoli, 90 - Conj. Res. Tancredo Neves), está no 4° ano, e com a ajuda da equipe da unidade já está se habituando com a nova cultura. 
 
A mãe, Zakia Azizi, de 30 anos, relata que saiu do Afeganistão por uma questão de necessidade. “Estava muito perigoso, eu tinha medo pela minha família, principalmente pelas crianças. Não tínhamos segurança, qualquer lugar poderia ser bombardeado. Além de que as mulheres não possuem mais direitos, não podemos nem ir para a escola”.
 
Apesar das dificuldades linguísticas, Zakia está contente com o seu novo lar. “Estamos muito felizes. Nós escolhemos o Brasil, aqui as pessoas são muito acolhedoras e simpáticas. Nós amamos São Vicente, é um lugar lindo”.  
 
Na escola, Danyal ainda está se adaptando, mas desde a chegada, a evolução foi grande. “A maior dificuldade foi a comunicação; no começo ele não falava nada de português e eu não falava nada da língua dele, usávamos um aplicativo de tradução, mas agora está bem mais fácil. Eu uso muito da comunicação corporal com ele, não adianta só falar, preciso mostrar”, é o que conta a professora do afegão, Raquel Cunha de Castro. 
 
“É um aluno muito interessado e curioso. É uma verdadeira troca: ele apresenta a cultura dele para os outros alunos, enquanto aprende sobre a nossa”, finaliza a professora.  
 
Além de Danyal, existem outros três compatriotas matriculados na UE. Para a diretora Sandra Chaves Nascimento, a entrada deles na unidade foi um grande desafio, o qual a equipe e os outros estudantes abraçaram a causa. “Nos sentimos privilegiados por estarmos recebendo esses alunos, é um grande desafio, mas é muito gratificante. Pensei que a adaptação seria muito difícil, mas as coisas estão fluindo super bem, tanto que o Danyal é um dos melhores alunos da sala dele mesmo com as barreiras da língua”, destaca Sandra, acrescentando que o bom acolhimento de todos foi fundamental. “Conversamos com as crianças da UE, preparando para a chegada dos colegas estrangeiros. Contamos muito com eles para receber os afegãos”. 
 
Danyal está muito bem inserido e já se sente parte da turma. “Eu amo o Brasil, a comida, meus amigos, minha escola e minha família”. Agora distante da guerra, o menino se despediu de nossa equipe com um cumprimentou árabe: “Salaam Aleikum”, (Que a paz esteja sobre vós).

Leia também - #1 Dia do Imigrante

 
Por - Mariana Pinho e Renato Pirauá
Fotos - Davi Lopes
 

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