Água: Há quase 500 anos, a fonte da vida brota pela Bica de Anchieta

No Dia Mundial da Água, a Biquinha resiste como símbolo da preservação

Antonio Ferreira - PMSV

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Um morro, cinco nascentes e mais de 480 anos de história. Entre os principais pontos de encontro das cidades da Baixada Santista, há um lugar especial localizado próximo à Praça 22 de Janeiro, em São Vicente. Lá está a Bica de Anchieta, carinhosamente apelidada de “Biquinha” ao longo do tempo.

O local é uma das poucas fontes naturais brasileiras que resistem de forma atemporal às mudanças e desperdícios de água diários. Ela gera uma reflexão sobre a conscientização no Dia Mundial da Água, comemorado nesta segunda-feira (22).

Atraindo vicentinos, e até moradores vindos de cidades vizinhas, a famosa prática de buscar água potável e tratada direto da fonte perdura fortemente, desde os moradores mais antigos até os mais jovens, tornando a Biquinha uma marca registrada da Região. Há quem diga que o local é o ponto turístico mais antigo do Brasil, já que documentos da fundação da Vila de São Vicente, em 1532, já citavam a Biquinha.

Entre a população, é comum escutar diálogos como: “Eu me reunia com meus amigos e buscava água lá na Biquinha todo dia” ou “Se você quer saber se essa pessoa conhece a Baixada, tem que perguntar se ela já buscou água na Biquinha alguma vez”, e por aí vai.

De acordo com Paulo Eduardo Costa, diretor-presidente do Instituo Histórico e Geográfico de São Vicente (IHGSV), a Biquinha deixa explícita a abundância de água do Município, além de reservar histórias que as pessoas sequer imaginam.

Localizada no Morro da Biquinha, também conhecido como Morro dos Barbosas, a Bica de Anchieta possui cinco nascentes, entre elas, a própria Biquinha que fornece água potável e brota de dentro da montanha. Duas delas formam o Rio do Sapateiro ou Rio Sapeiro, devido à enorme quantidade de sapos na região, antigamente, e que corta a cidade em três direções. As outras duas abastecem o próprio reservatório da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), em São Vicente.

Além da já conhecida história do Padre Anchieta, catequizador de índios no século XXVI, no mesmo local há outra curiosidade. Antes da vinda dos colonizadores portugueses, na Biquinha havia o Caminho do Peabiru, que ligava civilizações ancestrais aos Povos Sambaquis, de Lima no Peru até São Vicente. São Vicente era o caminho final pela Biquinha.

"A preservação é fundamental para a manutenção da vida. Então, vamos proteger nossos mananciais, nossos rios, nossas matas ciliares e valorizar o que mais temos de rico, que é a água potável” finalizou o diretor-presidente do IHGSV.

Por Henrique Miguel
 

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