Alunos de escola na Área Continental criam página de poemas autorais em rede social
'Poetas Urbanos' da UE Mário Covas Jr celebram Dia Mundial da Poesia nesta quinta-feira (21)
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Se idade não define maturidade, um trio de alunos da Unidade Educacional Mário Covas Jr (Parque das Bandeiras - Área Continental de São Vicente) comprova que é possível transformar sonhos em realidade desde cedo. David Bryan (12 anos), Nicoly Victória (11) e Vitória Ferreira (11) se uniram para montar a página “Poetas Urbanos”, no Instagram. Mais que divulgar os próprios versos, eles incentivam outros jovens a expor poesias autorais. O sucesso da proposta brinda o Dia Mundial da Poesia, celebrado na quinta-feira (21)
A ideia partiu de Bryan. “O nosso projeto é fazer com que ninguém tenha vergonha de mostrar o que escreve. Estamos lá para apoiar os participantes e, para quem quer o anonimato, publicamos o poema sem citar a autoria. O que queremos é criar novos poetas, fazendo crescer o número de escritores”, ambiciona o estudante do 7º ano.
Cursando o 6º ano, Nicoly prega que ninguém deve ter vergonha de se expressar. “Tem gente que sai da depressão quando começa a escrever poesia, porque esta também é uma forma de se abrir. Eu tinha um caderninho onde anotava tudo o que sentia. Isso era incrível. É uma terapia”.
Para os que gostam de escrever, mas por vezes temem julgamentos, Vitória deixa a dica: “siga a sua jornada, pois você pode se encontrar por meio da poesia e tirar todos os sentimentos ruins que às vezes te afligem. Além do mais, escrever enriquece o vocabulário”, pontua a poetisa mirim do 6º ano.
Além das publicações, o grupo realiza chats, com troca de informações que contribuem nas produções. Assim, quando alguém está com algum bloqueio na hora de escrever, o auxílio chega. “Uma ideia completa a outra, e isto está dando muito certo”, percebe Bryan. “O poeta não é solitário, pode contar com a ajuda de todos os demais que estão no grupo”, complementa Vitória.
Nicole Lima, do 7º ano, ingressou na turma. “A poesia é uma forma de expressar seus sentimentos e de se comunicar com o público. Para pessoas tímidas, como eu, isso ajuda muito. Hoje consigo falar melhor, e mais alto do que geralmente falo em apresentações ou em momentos de ler um texto”, reconhece.
Para quem quiser conferir ou participar, basta acessar poetas.urbanos_br no Instagram, onde vai encontrar versos como o de Bryan: Eu era o seu diamante/ sua joia mais fina /Mas sabe como é, /me trocou por bijuteria. “Gosto muito desse último verso que escrevi, porque representa relações em que pessoas não dão valor para o que têm. É isso que procuro relatar em meus poemas”.
A voz dos adultos - Diretora da UE Mário Covas Jr, Francilma de Paula Barros classifica a iniciativa como maravilhosa. “Os poemas deles trazem tudo o que estamos mais precisando, com temas falando de amor e sonhos. Os jovens não sonham mais nos dias de hoje, mas a poesia ajuda a trazer todo esse sonho de volta para dentro deles”, avalia a gestora.
O coordenador pedagógico Cláudio Ramos destaca que ao escrever o aluno se sente livre para expressar o que pensa. “Ele não fica preso à leitura obrigatória de um livro. Ele expõe a sua opinião e a sua vivência”.
Autor de muitos livros, o professor de educação física Michel Leite Viana diz que a iniciativa é boa e inesperada. “É a primeira vez que vejo algo assim partir dos próprios alunos. A poesia está ficando mais popularizada. Hoje as pessoas podem fazer poesia com a linguagem informal e é aceito”, aprova Michel.
Inspirações - Entre as inspirações literárias, Bryan e Vitória citam Sérgio Vaz. “Tem uma estrofe dele que eu adoro, que fala ‘passei na praça e vi velhos vomitando prosa na mesa / meninos armados com livro na mão’. Acho isso muito profundo”, avalia Bryan. Já Nicoly conta que sua referência é a mãe. “Ela conta que gosta de escrever desde quando tinha a minha idade. Sigo este mesmo caminho”.
Por - Renato Pirauá
