Entre linhas e pincéis: Os bastidores da 41ª Encenação da Vila de São Vicente

Conheça os preparativos do maior espetáculo de areia do Brasil, que inicia nesta sexta-feira (19)

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Nos bastidores da 41ª Encenação da Fundação da Vila de São Vicente, há preparativos que dão vida ao maior espetáculo de areia do Mundo. Dos figurinos renascentistas à arte da maquiagem, conheça os segredos por trás da encenação que conta a história da Primeira Cidade do Brasil e cada detalhe dessa produção liderada por 3 mulheres - Sabrina Olimpio, Carol Pagano e Geyssa Alencar -, que inicia nesta sexta-feira (19).
 
Com uma produção imersiva, a equipe de figurino transporta os espectadores para o século XVI. Trajes portugueses inspirados em descrições históricas e vestimentas indígenas autênticas e ricas em cultura são elaborados, destacando detalhes como bordados, padrões de costura e cores da paleta que a equipe visualizou durante a pesquisa realizada. A equipe se baseou em descrições históricas e ilustrações da época.
 
Para os homens, os trajes eram estruturados com calças largas e capas. Já para as mulheres corpetes e anquinhas, saias longas e volumosas, golas e mangas bufantes.
 
Ao projetar os trajes dos indígenas, a equipe concentrou-se na autenticidade cultural, incorporando elementos específicos de tribos que habitavam a região naquela época. Cores naturais, tecidos tradicionais e adornos foram cuidadosamente escolhidos para refletir a diversidade e a riqueza da cultura indígena tupiniquim.
 
A equipe de maquiagem escolhe uma abordagem onde equilibra fidelidade histórica e praticidade. Modelos de maquiagens faciais europeias e pinturas corporais indígenas são cuidadosamente aplicados, garantindo durabilidade durante as apresentações ao vivo. Houve uma pesquisa sobre à época para ser fidedigno, pois um dos principais desafios foi unir a fidelidade histórica, com a necessidade de garantir que a maquiagem fosse prática para os atores e visível para a audiência.
 
Inclusão na pré e pós produção
 
Em uma inovação, a arena assume um novo formato, oferecendo um espaço exclusivo para Pessoas com Deficiência (PCDs). Sem telões, garantindo assim que todos possuam acesso livre à vista do mar, proporcionando uma experiência única durante a chegada da caravela.
 
As diretoras expressam sua alegria em liderar esse grande evento, destacando a dedicação e amor que permeiam cada detalhe. Neste ano, a Vila de São Vicente destaca a sustentabilidade, utilizando materiais humanos e objetos cênicos de bambu, resultando em uma narrativa colorida e leve.
 
A diretora Sabrina Olimpio compartilha como o sentimento com a experiência de poder realizar um espetáculo de grande porte. "Eu sou uma apaixonada pelo que faço, e poder compartilhar um pouco disso tudo com cada um deles é muito especial, me sinto privilegiada por poder ter mais uma vez essa experiência única, que é estar à frente desse grandioso espetáculo, não somente pelo tamanho, mas, principalmente, pela importância e o valor que a comunidade dá para tudo isso. Existe muita entrega e muita verdade na parte deles, então procuramos valorizar o que temos de mais precioso. Nossas mãos que são esses sonhos guardados no coração de cada um, que irá contar de forma única a nossa história."
 
O prefeito de São Vicente, Kayo Amado, ressalta a alegria com o retorno do espetáculo aos moldes originais:
 
“Para mim é emocionante viver esse momento na Cidade. Saber que o espetáculo será comandado e dirigido por um trio de mulheres lança um ânimo ainda maior, principalmente por elas terem uma visão, ao mesmo tempo, sensível e corajosa, trabalhando a temática da reconstrução, da fé e da inclusão. Estou muito feliz com os caminhos que estamos seguindo, e tenho certeza de que a população vai gostar muito do trabalho que será realizado”.
 
Questionada sobre como a equipe lida com os desafios logísticos para realizar a apresentação, Sabrina comenta:  "Ao longo desse trajeto, somos uma equipe unida. Muitas mãos que, com determinação e esforço, transformam nossas ideias em realidade. Mesmo diante dos desafios de um evento ao ar livre, estamos confiantes de que ofereceremos uma apresentação deslumbrante para a população vicentina. Este ano, a introdução de uma orquestra no centro da passarela acrescentará a magia das cordas, enriquecendo ainda mais a encenação".
 
Já a diretora Carol Pagano elencou como um dos principais desafios, a questão do prazo: “O tempo, sem sombra de dúvidas, é um desafio.  No entanto, temos muitas pessoas envolvidas, cuidando do elenco e da equipe. Juntar toda essa história, que é tão rica, no maior palco de areia do mundo, é maravilhoso!”, declarou.
 
Narrativas
 
Segundo a diretora Sabrina, a abordagem narrativa busca simplicidade, mas com algumas licenças poéticas, mantendo-se sutil para não se distanciar das expectativas do público. A meta é representar todos os espectadores na arena, proporcionando uma experiência onde todos possam sair mais leves, felizes e imersos na atmosfera única que está sendo construída. 
 
Com as 3 mulheres liderando o espetáculo, no centro do poder criativo, nota-se que terá muita arte, música e dança para ser uma noite mágica, consagrando, assim, mais um ano do patrimônio imaterial de São Vicente, a Encenação.
 
Desde o início dos anos 1980, a Encenação busca emocionar ao recriar os momentos cruciais da chegada de Martim Afonso de Sousa e sua expedição, que culminaram na fundação da Vila de São Vicente, em 22 de janeiro de 1532. Apresentada na Praia do Gonzaguinha em temporadas anuais, a produção cênica passou por adaptações e inovações ao longo dos anos. 
 
A 41ª Encenação da Fundação da Vila de São Vicente é incentivada via Lei Rouanet, do Ministério da Cultura. A realização é da Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria de Cultura (Secult), e do Instituto Adesaf. O evento conta com patrocínio da Brasil Terminal Portuário (BTP).