São Vicente disponibiliza ambulatório de tabagismo para tratamento contra uso de cigarros eletrônicos

Conheça os riscos dessa nova febre entre os jovens

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No Brasil, a lei não permite a produção e comercialização dos cigarros eletrônicos, mas seu uso não é crime e virou febre entre as pessoas, principalmente jovens, devido aos sabores e tecnologia. Existem, inclusive, casos de crianças que morreram por envenenamento após usarem os cigarros eletrônicos dos pais.
 
Para se colocar em perspectiva, a dose de nicotina considerada potencialmente fatal para uma criança é de 10mg. Um refil comum de 5mL de líquido, na concentração de 18mg/dL, possui 90mg de nicotina, ou seja, nove vezes maior que a dose potencialmente fatal. 
 
O uso do cigarro eletrônico se tornou febre pela população não conhecer os riscos, e achar que o vapor com sabor é inofensivo e muito menos prejudicial à saúde do que a fumaça do cigarro. Poucos sabem que se trata de vapor de nicotina em concentrações muito mais altas do que as do cigarro convencional.
 
Dez minutos de uso do cigarro eletrônico, na concentração mais baixa, corresponde a fumar 30 cigarros comuns (um maço e meio).
 
De olho no uso crescente desse item tão prejudicial, São Vicente criou a Lei 79/2022, que institui a "Campanha sobre os Malefícios do Uso do Cigarro Eletrônico", com o objetivo de orientar a população. 
 
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) listou 21 elementos, além da nicotina, que estão presentes no vapor dos cigarros eletrônicos. O teor de nicotina contido no líquido costuma variar de zero até 36mg/l, com concentrações de 6mg/l, 12 mg/l, 18mg/l ou 24mg/l. 
 
Além de 7 mil aromas e substâncias como o propilenoglicol, estanho, chumbo, ferro, níquel, cromo, nitros aminas, grandes quantidades de formaldeído e acetaldeído, os cigarros eletrônicos também possuem compostos fenólicos, potenciais agentes cancerígenos para os pulmões, que também causam danos ao sistema nervoso central e aos rins. 
 
O consumo frequente de doses elevadas de nicotina tem potencial de intoxicação, provocando sintomas que vão desde náuseas e vômitos até arritmia, infarto, bronquite, bronquiolite, convulsões e depressão respiratória, nos casos mais graves. 
 
Isto é particularmente verdadeiro em crianças, cujo limiar para intoxicação por nicotina é bem mais baixo que nos adultos. Com o aumento do consumo, já foi identificada a EVALI, condição médica descrita pela ciência pela primeira vez em 2019 como doença respiratória grave associada ao uso dos cigarros eletrônicos. 
 
O Ambulatório de Tabagismo de São Vicente foi inaugurado em 2017 e conta com duas unidades de atendimento. Uma na Área Insular – UBS Central (Av. Antônio Emmerich, 509 - Vila Cascatinha) e uma na Área Continental - UBS Ponte Nova (R. Salvador, 70 – Quarentenário). 
 
Os ambulatórios contam com equipe multidisciplinar composta por médico, enfermeira, psicóloga, dentista, auriculoterapeuta e oferecem tratamento especializado para a dependência de cigarros comuns e eletrônicos.
 
Os grupos são de 15 tabagistas e duram quatro meses. São oferecidos tratamentos para a dependência física (medicamentos e repositores de nicotina); grupo terapêutico de apoio, para informar, conscientizar e tratar a dependência emocional, mental e comportamental, e fazer a prevenção de recaída. 
 
A auriculoterapia ajuda na desintoxicação, tratamento de sintomas de abstinência, comorbidades, ansiedade, depressão e compulsão. 
 
Para se inscrever basta ir a essas unidades de saúde e deixar o nome na lista de espera para ser chamado quando iniciar um novo grupo. 
 
Por Matheus Terras