O envolvimento de alunos da rede municipal de São Vicente na VI Conferência Nacional Infantojuvenil de Meio Ambiente (CNIJMA) vem resultando em propostas inspiradoras e demonstrando maturidade dos autores de projetos voltados ao tema “Vamos Transformar o Brasil com Educação e Justiça Climática”.
Na sexta-feira (27), estudantes da Unidade Educacional Raul Rocha do Amaral (Ponte Nova) definiram os representantes da escola na fase municipal da Conferência, elegendo Camilly Souza Bueno (13 anos) na função de delegada e Yasmin de Jesus dos Santos (13) como suplente.
A dupla abordou uma questão que causa transtornos a moradores e a animais que circulam no bairro. “Percebemos que muitos cavalos rasgam sacos de lixo em busca de comida”, afirmou Camilly. O resultado é o de sujeira nas vias públicas, com maior risco de doenças, possibilidade de acidentes e entupimento das galerias de águas pluviais, além da preocupação com a vida animal.
Como solução, o grupo sugeriu firmar parcerias com ongs e clínicas veterinárias para castrar e tratar não apenas dos equinos, mas também cães e gatos abandonados na Ponte Nova, promover uma campanha de conscientização para acondicionamento correto do lixo e em lugares altos, além de se construir abrigos cobertos para pets, com ração e água disponíveis. “Percebemos muitos cachorros abandonados sendo maltratados só por estarem com fome”, completou a delegada estudantil.
A suplente Yasmin agradeceu a confiança depositada no projeto, mas ressaltou que vencer o pleito não era o foco principal. “O importante é conseguir alcançar o nosso objetivo, que é ajudar animais abandonados para que tenham uma vida mais habitável no ambiente que nos cerca”.
Professora de ciências atuando há oito anos na UE, Elizabeth Rodrigues Oliveira afirma que as três ações apresentadas serão desenvolvidas na escola. “Tenho esse compromisso com a escola e a comunidade. As ideias apresentadas pelos alunos visam justamente o plantio de árvores, a recuperação da lagoa, o cuidado com os animais… enfim, as propostas são de valorizar a vida como um todo, não apenas a dos seres humanos, mas de qualquer ser vivo que está ao redor do lugar onde moramos”, refletiu a docente, que orientou os alunos no desenvolvimento dos projetos.
Para a assessora pedagógica Vandilma Galindo, que integra o Núcleo de Educação Ambiental (NEA - Seduc), “é muito importante envolver os jovens nesse processo, debatendo sobre justiça climática, mudanças climáticas e racismo ambiental, para que percebam até que ponto tudo isso já interfere no local onde vivem”.
Também do NEA - Seduc, Eliana Isidoro elogiou o planejamento desenvolvido. “Todos os grupos apresentaram não apenas o problema, mas também ações e resoluções a serem tomadas”, destacou a assessora pedagógica.
No total, 28 alunos participaram ativamente dos projetos na UE Raul Rocha do Amaral, entre os quais Emily Menezes (13), do 8º ano. “Esse nosso trabalho demonstrou que tem pessoas dispostas a ajudar, e creio que, no futuro, esse esforço vai ajudar nosso bairro a melhorar”, afirmou.
“As propostas foram muito boas, porque mostraram a realidade de problemas que temos na comunidade, sem esconder os fatos. Não adianta culpar só o poder público se a população também não fizer a parte dela”, comentou Hillary Vitória, que acompanhou a Conferência e deu seu voto.
Também na sexta-feira (27), a UE Laura Filgueiras promoveu a apresentação dos projetos, com mesa redonda e discussão de ações propositivas, sob a mediação da professora Márcia Franco. Na UE Mário Covas, o tema foi introduzido pela professora Giovanna Emmerich com uma sensibilização, por meio de apresentação de vídeos e discussão sobre possíveis projetos de ação. Já na UE José Meirelles (Quarentenário), os estudantes identificaram as causas de impactos ambientais e sugeriram intervenções para reduzir os problemas apontados, com orientação das professoras Natália Biagini (português) e Juliana Pereira (ciências).
Protagonismo - Com o propósito de incentivar o protagonismo juvenil e a mobilização para ações voltadas à justiça climática, a VI CNIJMA vem mobilizando alunos de nove unidades educacionais de São Vicente: Laura Filgueiras (Vila Mateo Bei), Raul Rocha do Amaral (Ponte Nova), Lions Clube (Vila São Jorge), Caic Ayrton Senna (Humaitá), Mário Covas Jr (Parque das Bandeiras), José Meireles (Quarentenário), Carolina Dantas (Catiapoã), Sílvio Santos (Vila Mello) e Antônio Pacifico (Jóquei Clube). Em pauta, a discussão sobre os impactos das mudanças climáticas em São Vicente e a importância da educação ambiental. Os encontros seguem no decorrer de junho, e cada escola elege delegados para representar a cidade nas próximas etapas.
O objetivo é oferecer oportunidade para os estudantes dos anos finais do ensino fundamental (6º a 9ºano) a refletirem sobre as mudanças climáticas e propor soluções para transformar a realidade local.
A CNIJMA é uma realização do Ministério da Educação (MEC) em parceria com o Ministério de Meio Ambiente e Mudanças do Clima (MMA) e o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação ( MCTI).
Por - Renato Pirauá