“Meu primeiro amor em vida. Devemos amar além das dificuldades, paciência e determinação para estar sempre em busca das coisas em benefício deles”; “Aprendi o amor, o carinho e a felicidade. Quando estou triste, ela já sabe e vem dar carinho. Ela é meu anjo”. Essas são algumas das frases de Bárbara Lucia Cassimiro e Márcia Maurício, mães que compartilham o amor e suas histórias por seus filhos autistas.
Bárbara é mãe de Renato Augusto Cassimiro, de 20 anos, e começou a notar alguns sinais quando ele tinha 2 anos: “Percebi que ele tinha alguma dificuldade, porque ele não falava e tinha mania de ficar vendo o mesmo desenho várias vezes. Vendo isso, passei na UBS e depois no serviço especializado, onde me passaram o diagnóstico de autismo”.
Esse momento a fez relembrar de sua filha, Camila Isabele Cassimiro Lotito: “Minha filha já não está mais entre nós, hoje ela teria 29 anos. Por esse convivo com ela. Já notava algumas coisas parecidas entre os dois. Então passamos por uma psiquiatra que me explicou com muita tranquilidade, e fez uma árvore genealógica das características dos dois, e concluiu que ele também era autista. Nossa, naquele momento fiquei muito sem chão. Já tinha uma filha com autismo severo”.
O passo seguinte era o tratamento, que foi realizado no CAPS Infantil, onde recebeu suporte até 2024: Sempre fomos muito bem acolhidos aqui. Hoje meu filho está ótimo e tem bastante apoio. Ele não necessita de tantos cuidados especiais, exceto na escola, onde sempre precisou de apoio, e para sair na rua”.
Ser mãe de crianças autistas trouxe um ensinamento para a vida de Bárbara: “Os dois me ensinaram que as coisas não são do jeito que eu quero, mas, sim, no tempo deles, com todo amor e paciência. Sempre buscava opções com terapia e esporte para proporcionar o melhor a eles”, concluiu Bárbara Lucia Cassimiro.
Quem também batalha em busca do melhor para sua filha é Márcia Maurício de Almeida, mãe da pequena Sophia de Almeida Capestran, de 6 anos. O diagnóstico de autismo foi realizado no Centro de Especialidades Médicas (Cemesv), após Márcia notar alguns indícios: “Ela não gostava de abraço e toque. Fui fazer um exame com ela e pedi o encaminhamento com especialistas. Depois de alguns exames, o médico deu o diagnóstico de autismo. Na hora que eu recebi essa notícia, eu saí chorando da sala, fiquei desesperada. Mas, tive apoio da minha família e hoje, é super tranquilo”.
Sophia passa por tratamento no Cemesv com atividades em grupo e fonoaudióloga. Além disso, ela também participa do projeto ‘Flor e Ser’, uma parceria da Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria da Saúde (Sesau) com o Instituto ADESAF (Articulação de Tecnologias Sociais e Ações Formativas), que entrega óleo de cannabis para os pais de crianças com transtornos do espectro autista (TEA), para aquelas com alterações comportamentais moderadas e severas; nas áreas de coordenação motora, comunicação e interação social.
“Uma vez por semana ela vem até o Centro de Especialidades, onde faz algumas atividades e em outro dia da semana, ela participa do projeto da ADESAF. Acredito que esse conjunto de atendimento vem dando muitos resultados. Antes ela não falava, não se comunicava, hoje, tem dias que é difícil de parar de falar”, brinca Márcia.
Ela ainda pontuou o convívio de Sophia com os seus outros dois filhos: “Eu tenho o Samuel, de 12 anos, e Pedro, de 9 anos. No começo, eles me perguntavam do jeito dela, o porquê de agir de forma diferente. Eu tive que pesquisar mais sobre o assunto para poder falar com eles. Hoje em dia, eles brincam com ela, cuidam dela. Nós temos um cachorro e ela adora animais, não pode ver um animal que ela quer tocar e abraçar”.
“Aprendi com ela o amor, o carinho e a felicidade. Quando eu estou triste, ela já sabe e vem dar carinho. Ela é meu anjo”, ressalta Márcia Maurício de Almeida.
Atendimento especializado – No Município, a Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria da Saúde (Sesau), dispõe de serviços especializados para o tratamento de crianças no Transtorno de Espectro Autista (TEA).
“As responsáveis devem ir a uma Unidade Básica de Saúde da Cidade e pedir encaminhamento para os especialistas no Centro de Especialidades Médicas. Aqui no Centro, o nosso tratamento envolve o atendimento médico com neurologista infantil e o atendimento terapêutico com psicóloga ou fonoaudióloga”, salientou a psicóloga do Cemesv, Isabela Casadella.
As crianças são atendidas no Centro de Especialidades Médicas (Cemesv) e CAPS Infantil. Nas unidades de referência, os métodos de trabalho são a realização de triagem psicológica, triagem fonoaudiológica ou diretamente em consulta com neuropediatra. Há também o protocolo de rastreio no TEA, destinado a crianças com sinais e sintomas de autismo e que precisam de uma avaliação.
No Cemesv, as crianças têm à disposição atendimento psicológico, fonoaudiológico, neuropediatra e em alguns casos, endocrinologista. No CAPS Infantil são oferecidas oficinas terapêuticas, orientação familiar, orientação medicamentosa e atendimento médico.
O Município conta com convênio com a APAE de São Vicente para encaminhamento de pacientes para o ambulatório da unidade, vindos do CEMESV, que seguem uma lista de espera.
Uma das ações que a Secretaria realiza com o objetivo no desenvolvimento das crianças é o projeto ‘Flor e Ser’, em parceria com o Instituto ADESAF. O projeto, que iniciou em novembro de 2024 e terá duração de 12 meses, selecionou 15 crianças, entre 4 e 13 anos, com alterações comportamentais moderadas e severas nas áreas de coordenação motora, comunicação e interação social.
Critérios: ser residente do Município com mais de um ano de acompanhamento nos serviços públicos de referência para TEA, como o Centro de Especialidades Médicas (CEMESV) e Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) II Injantojuvenil; passar por avaliação da equipe multiprofissional e médica (psiquiátrica e neuropediátrica) e ser resistente ao tratamento convencional.