A pequena Isis nasceu prematura, na 30ª semana de gestação e pesando apenas um quilo. Por conta dessa condição ficou internada por 50 dias na Maternidade Municipal de São Vicente, sendo 15 desses, na UTI neonatal, 12 na Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Convencional (UCINCO) e 23 no Método Canguru, recebendo a assistência de uma equipe multidisciplinar, composta por pediatra, técnicos de enfermagem, fonoaudióloga, serviço social e neonatologistas.
Um dos principais fatores para a recuperação de Isis, que já teve alta hospitalar, foi a alimentação com o leite materno. No entanto, o processo não é tão simples como o que ocorre com os bebês que nascem a termo, ou seja, entre 38 e 42 semanas, como explica a enfermeira e responsável técnica da Maternidade, Jamillie de Cássia Palmeira:
“O prematuro não pode mamar no peito, em um primeiro momento. Porque sucção é esforço, e esforço é energia, energia reverte em perda de peso. Então, é muito comum que nas primeiras mamadas o bebê acabe perdendo peso por conta desse esforço que ele faz. Para esses casos, o bebê recebe o leite materno através de uma sonda, extraído pela mãe. Com a melhora do quadro clínico, com ganho de peso e outros sinais que observamos, tiramos a sonda e o liberamos da UTI Neonatal, transferindo o prematuro para o método canguru, um local para estimular o aleitamento materno e o contato pele a pele. Depois, passamos a administrar a alimentação com um copinho e alternamos com o peito, para que o bebê não se canse. Tudo isso até chegar na amamentação de livre demanda".
O leite materno é um alimento completo, que oferece todos os nutrientes necessários para o crescimento saudável nos primeiros meses de vida, além de fortalecer o sistema imunológico e prevenir contra diversas doenças.
A profissional ainda salienta que nesse período as mães são ensinadas a não oferecerem qualquer outro tipo de bico, a não ser o seio:
“Para os bebês prematuros, ensinamos às mães a não oferecerem nenhum tipo de bico, como mamadeiras e chupetas. Fazemos isso porque o bebê pode fazer confusão de bico e aí ter um desmame precoce. Então, elas saem treinadas a oferecerem a sucção no seio materno e, também, leite via oral”.
Quem também acompanhou de perto todo o processo de Isis foi a fonoaudióloga Andreia Cheida Gomes, que ressaltou a melhor técnica de amamentação para bebês prematuros:
“A primeira avaliação da Isis foi com 33 semanas. Por nascer prematura, avaliamos que a melhor posição para a amamentação era a posição cavaleiro, com o bebê sentado no colo da mãe de frente para ela, pois fica mais fácil de segurar, já que são tão pequenos. Depois, começamos a amamentação por cinco minutos, para ter esse costume e vamos aumentando aos poucos. Auxiliamos as mães nesse processo. No caso da Isis, ela já está se alimentando super bem. Está com um quilo e 800 gramas e, atingindo dois quilos, já poderá ir para casa com a mamãe”.
Após 34 semanas de idade gestacional, Dayana Souza Barros conseguiu amamentar a filha e esse foi um momento muito especial: “Eu fiquei muito feliz por ter conseguido alimentar minha filha pela primeira vez. Como ela é muito pequena, foi difícil de pegar ela para amamentar, mas agora, já consigo fazer sem problemas e é muito especial ter esse contato de perto com ela”.
A mãe ainda enfatizou a felicidade de levá-la para casa e o apoio da equipe da Maternidade:
“Estou muito feliz de poder levar a Isis para casa depois de tanto tempo. Quero agradecer à equipe da unidade por cuidar dela e por todo o apoio nesse processo”.
Assim que alcançar a marca de dois quilos Isis receberá alta, mas, continuará sendo acompanhada pela Secretaria da Saúde. Quando for liberada, será agendada uma consulta na UBS de referência e no Complexo de Especialidades Médicas (CEMESV) para atendimento com especialistas em pediatria, fonoaudiologia e fisioterapia.