Enquanto a Cidade ainda dorme, algumas ruas de São Vicente já começam a se encher de vida. Barracas são montadas, caminhões descarregam verduras e legumes, e o cheiro de frutas frescas anuncia mais um dia de feira. Nesta segunda-feira (25), a Cidade comemora o Dia do Feirante, celebrando quem transforma madrugadas em trabalho, sustento e cultura.
Thoni Cristiano, de 35 anos, é um exemplo dessa dedicação. Filho de feirante, ele cresceu ajudando o pai, Otávio José Lourenço, desde pequeno. “Meu pai começou em Santos em 1974. Trabalhou a vida inteira, parou só no ano passado, por causa do Parkinson. Eu peguei a barraquinha depois que terminei a faculdade, mas nunca saí da feira. Está no meu sangue”, conta.
Hoje, Thoni comercializa seus produtos às terças na Rua Walt Disney - Cidade Náutica, quartas na Rua Pedro Leopoldo - Jóquei Clube, quintas na Rua Tupi (Parque São Vicente), sextas na Linha Amarela (Avenida Marechal Deodoro - Vila Valença), sábados na Avenida Senador Salgado Filho (Jóquei Clube) e domingos na Avenida Capitão-Mor Aguiar (Centro). “Às terças, quintas e sábados, saio de casa à meia-noite para buscar mercadoria. Chego na feira por volta das três da manhã, monto tudo e sigo até às 14h. É pesado, mas é o nosso ganha-pão”.
Para ele, o desafio maior não é o horário, mas a constância. “Feirante só para no Natal e no Ano Novo. A gente trabalha no sol, na chuva, no frio e na tempestade. Todo dia é igual. Mas o que compensa é ver o freguês voltando, pedindo aquele produto que só encontra na feira, ou a alegria da clientela quando chega cedo”.
Em sua banca, o tomate é o carro-chefe, seguido por laranja, banana, batata e cebola. Ele observa também as mudanças no movimento ao longo do mês: “No começo, quando o pessoal recebe, o movimento é melhor. No fim, todo mundo aperta um pouco, mas a gente dá um jeito: chama no ‘gogó’, abaixa o preço, conversa com o freguês. É tudo questão de experiência”.
O orgulho de ser feirante é claro: “É cansativo, é sofrido, mas é glorioso. Chegar em casa no fim do domingo com a mercadoria vendida, pagar os funcionários, ver que todo mundo trabalhou… isso não tem preço. É um trabalho que a gente respeita e leva no coração”.
Feiras livres
Atualmente, São Vicente conta com 218 feirantes em 22 feiras livres, que garantem alimentos frescos e de qualidade, geram emprego e renda, e movimentam a economia local. “A feira livre é essencial para a economia local e para a valorização da produção vicentina. Estamos trabalhando em uma nova legislação para organizar melhor esses espaços e criar políticas de apoio aos feirantes”, ressalta o secretário de Comércio, Indústria e Negócios Portuários - Guilherme Guzzi.
Para atuar oficialmente como feirante, é necessário obter uma licença junto ao Centro de Atendimento ao Contribuinte (CAC), localizado no Paço Municipal, Rua Frei Gaspar, nº 384, Centro. O interessado deve fazer agendamento prévio via telefone: (13)3579-1316 ou 3579-1317 ou por WhatsApp, disponível pelo número (13) 3466-2389. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h.