Determinado e apaixonado pelo que faz, Michael Justino da Silva, de 25 anos, é um dos novos rostos da educação vicentina, integrando o quadro da rede municipal desde 2024, além de atuar como professor universitário no curso de Pedagogia. A trajetória de Michael começou cedo, inspirada por uma professora marcante do segundo ano do ensino fundamental, em Guarujá. “O nome dela é Michelle. Ela me marcou muito pela forma carinhosa como lidava com a turma, com tantas crianças diferentes, quando ainda nem se falava em educação especial. O cuidado que ela tinha com cada aluno e com cada família me inspirou profundamente”.
Ainda no ensino médio, a decisão pela docência se consolidou. “Queria cursar Matemática, mas minha professora da época me aconselhou a começar pela Pedagogia, que é a base da educação. E foi o melhor caminho que eu poderia ter seguido”, reconhece.
Ao ingressar na rede municipal, assumiu uma turma de 5º ano na Escola José Meirelles (Quarentenário), em um período de avaliação do SAEB. Ali, desenvolveu dois projetos que refletem suas maiores preocupações: sustentabilidade e alfabetização. “O projeto de sustentabilidade busca mostrar às crianças a importância do consumo consciente e os impactos que nossas ações geram no solo e no meio ambiente. Já o projeto de alfabetização nasceu da necessidade de fortalecer a base dos alunos, pois percebemos muitas fragilidades no processo de leitura e escrita. Queremos que eles sejam protagonistas e se encantem pela aprendizagem”, destaca.
Michael acredita que a pandemia contribuiu para ampliar os desafios na alfabetização e reforçou a importância do trabalho cuidadoso nos primeiros anos escolares. “Quando lecionei para o 1º ano, percebi o quanto as lacunas aumentaram. No 5º ano isso ficou ainda mais evidente. Então, trabalhar a alfabetização de forma prazerosa, com ludicidade, é essencial. As crianças precisam sentir gosto pela leitura e pela escrita”.
Primeiro da família a cursar o ensino superior, ele sente orgulho em representar uma nova geração de educadores. “Meus pais não tiveram instrução formal, então ser o primeiro filho formado é uma conquista. Eles têm muito orgulho, mesmo sem compreender totalmente a rotina da docência”.
Michael também destaca a importância da presença masculina - ainda pouco comum - na Educação Infantil e nos anos iniciais. “Nos primeiros dias de aula, as crianças se surpreendem: ‘um homem dando aula?’. Mas depois de um tempo isso se torna natural, e perceber o carinho e o aprendizado deles é o maior orgulho que eu poderia ter. Saber que vão levar um pedacinho de mim é algo que não tem preço”.
Questionado sobre os desafios da profissão, ele mostra-se realista e também otimista. “A educação não é fácil, e eu não vou romantizar. Mas ela é transformadora. Transforma realidades, salva vidas. Meu conselho a quem sonha em ser professor é: confie no processo. Mesmo que o caminho seja difícil, cada pequeno avanço vale a pena. Educar é caminhar um dia de cada vez”.
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Texto - Renato Pirauá



