“Não estamos perdendo alunos para o celular, estamos perdendo alunos pela falta de vínculo e de relacionamento verdadeiro”. A afirmação partiu do especialista Leandro Rodrigues, na manhã desta terça-feira (14), durante a palestra “O cérebro que não desliga” - a segunda do Encontro de Educadores de São Vicente
Promovido pela Secretaria de Educação de São Vicente (Seduc), o evento é realizado pela primeira vez no formato on-line, reunindo mais de dois mil profissionais da rede municipal de ensino sob o tema “Convivência Real, Conexões Verdadeiras”, convidando os participantes a refletirem sobre o valor do diálogo, da escuta e da presença no ambiente escolar.
Criador do curso Adaptando Atividades na Prática e referência nacional em educação inclusiva, Leandro discutiu os efeitos do excesso de estímulos digitais no comportamento e na aprendizagem das crianças. Durante a explanação, o palestrante destacou que o problema não está na tela em si, mas no tipo de estímulo que ela oferece. “O cérebro humano ama recompensas fáceis — e as telas descobriram isso antes da escola”, afirmou, ao explicar como vídeos curtos e conteúdos rápidos reduzem a atenção sustentada e a curiosidade natural dos alunos.
Leandro aponta que o uso excessivo de telas está associado a prejuízos cognitivos e emocionais, como dificuldade de concentração, sono irregular, desinteresse por atividades analógicas e aumento da ansiedade, especialmente entre jovens. Citando pesquisas recentes, ele ressaltou que escolas que restringiram o uso do celular registraram aumento de 83% na atenção dos estudantes.
Para ele, a solução passa por uma educação que equilibre tecnologia e vínculos humanos, estimulando práticas criativas e acessíveis. “A culpa não é da tela, é do estímulo. A tecnologia pode ser uma grande aliada quando usada de forma consciente, com propósito educativo e compartilhada entre adultos e crianças”.
Entre as recomendações, o educador orienta famílias e professores a definirem horários para o uso de telas, promoverem momentos de tédio produtivo e servirem de exemplo ao demonstrar comportamentos saudáveis, como ler, praticar atividade física ou escolher atividades que exijam esforço e paciência. “Sou um profissional da tecnologia, mas eu trabalho com pessoas. E quanto mais a tecnologia evolui, mais a gente percebe que a escola não precisa de novos aplicativos ou plataformas, mas de novos encontros pessoais”.
Para assistir à palestra completa, basta acessar o link https://www.youtube.com/watch?v=8dDjE7gARBg .
Texto - Renato Pirauá