O trabalho do farmacêutico vai muito além da leitura de receitas e da dispensação de medicamentos. Para José Roberto Carrasco, farmacêutico da ESF Humaitá, a atuação envolve contato constante com os pacientes, orientação sobre o uso correto dos remédios e adaptações que respeitem a realidade de cada pessoa.
Com 41 anos de experiência na área e 13 atuando na Prefeitura de São Vicente, ele é responsável pelo projeto Consultório Farmacêutico, com apoio dos agentes comunitários de saúde (ACSs), cujo foco são os pacientes que enfrentam dificuldades com o uso correto dos medicamentos ou que não percebem os efeitos esperados. Nesses casos, eles podem se consultar com o profissional, que orienta na adaptação do uso da medicação à rotina.
“A função do médico é receber a queixa do paciente, solicitar exames e avaliar o melhor medicamento para cada situação, fazendo a prescrição. A partir da receita, entra a farmácia, onde eu atuo”, explica.
“Eu não posso dizer a um guarda noturno que ele precisa tomar o remédio de dia, quando esse é justamente o horário em que ele dorme para poder trabalhar à noite. Nesses casos, ajustamos o horário da medicação para o período noturno. Precisamos pensar na realidade do paciente. Não adianta exigir que ele tome um remédio em um horário em que não será possível ou que ele não se lembrará”, acrescenta.
Além do atendimento individualizado, o farmacêutico também promove treinamentos com os agentes comunitários de saúde, sempre no último dia do mês. Nessas formações, ele revisa instruções sobre medicamentos e reforça orientações importantes para garantir o uso seguro dos remédios. Palestras também são oferecidas aos pacientes da unidade, reforçando a importância da adesão correta ao tratamento.
“A capacitação é essencial. Estamos em contato direto com os pacientes e precisamos estar preparados para esclarecer dúvidas básicas sobre os medicamentos. É gratificante adquirir mais conhecimento e poder contribuir ainda mais com o trabalho da ESF”, afirma Rosangela dos Santos Santana, agente comunitária de saúde e colega de trabalho do farmacêutico.
Para ele, o apoio dos ACS's é fundamental para o sucesso do projeto, já que são os responsáveis pela manutenção do contato direto com os pacientes e organização das ações educativas. “Sem eles, eu não poderia desenvolver este projeto. Os agentes comunitários são a alma da ESF Humaitá, representam a humanização do atendimento”.
“Trabalhar com farmácia é, acima de tudo, auxiliar o paciente na forma correta de tomar seus medicamentos. Isso me torna realizado profissionalmente. É o que nasci para fazer. Poder oferecer esse serviço é extremamente gratificante”.
Dicas - Por fim, o profissional práticas a serem evitadas:
- automedicação: Tomar um remédio para dor de cabeça ocasionalmente pode parecer inofensivo, mas quando o uso se torna frequente, é fundamental buscar orientação profissional.
- “Medicação de muro": Pegar remédio “emprestado” com vizinhos é uma prática perigosa e não recomendada, pois cada pessoa possui uma dosagem específica e, muitas vezes, até medicamentos diferentes.
Por Manuela Patrício


