Um total de 44 professores da rede municipal de ensino de São Vicente participaram na quinta-feira (25) de um passeio pedagógico à 36ª Bienal de São Paulo, realizada no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, do Parque Ibirapuera. Durante a visita monitorada, os docentes percorreram os 40 mil metros quadrados de área onde estão dispostas as obras de 125 artistas de diversos países. A edição deste ano traz como tema "Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática", baseado no poema “Da Calma e do Silêncio”, da escritora afro-brasileira Conceição Evaristo.
Durante a visita os professores (em sua maior parte da disciplina de arte) vivenciaram as mais diversas formas de expressão, muitas das quais extrapolando o sentido da visão para atingir o tato, o olfato e a audição. Telas, tecidos, madeira, terra, carvão, tabaco, caixas de som e luzes de neon estão entre as matérias-primas encontradas, assim como múltiplos materiais descartados, como tampas e gargalos de garrafas, teclas de computador, cerdas de escovas de dente e botões. Tudo materializado em obras que mexem com as emoções do espectador - que em alguns momentos assume o papel de parte de uma arte provocativa, com reflexões críticas sobre a condição humana.
Professora da Unidade Educacional Constante Luciano Houlmont (Vila Valença), Viviane Barros classificou a experiência como enriquecedora. “Registrei tudo em fotos, que já se transformaram em ideias para a sala de aula. Foi, para mim, um mergulho na arte que desenvolvo, que é o tecido. Não é só vir e olhar: é registrar para compartilhar com nossos alunos, para que também tenham acesso à arte”.
Para o quadrinista Wagner Almeida, que leciona na UE Laura Filgueiras (Vila Mateo Bei), a Bienal já acerta pelo tema. “Nós, enquanto professores, chegamos com uma ideia e saímos com tantas outras novas para trabalhar com o aluno, explorando colagens, texturas, cores, trabalho de pesquisa dos autores… É um momento inspirador”.
Já Zenilda Cruz, que atua na educação infantil de três escolas, mostrou-se ansiosa de levar todo o conhecimento para os alunos. “Vai ser incrível ver a reação das crianças diante dessas obras tão interessantes, feitas com materiais reciclados, muito próximos à realidade delas. Vamos materializar tudo isso em aula, e com certeza, eles vão curtir muito”.
Também da disciplina de arte, a assessora pedagógica Maria Amélia Silva destacou que a visita integra o minicurso promovido pelo Educativo Bienal, voltado as professores de arte da rede, e que formações como esta valorizam o ‘conferir presencialmente’. “Hoje temos a praticidade do online, mas precisamos desses encontros, que fazem muita diferença, porque a arte alimenta a alma”, alertou Maria Amélia Silva, pontuando que parte dos professores foram convidados por trabalhar com a temática étnico racial na rede municipal.
Iniciada em 6 de setembro, a 36ª Bienal de Artes fica em cartaz até o dia 11 de janeiro, com entrada gratuita.
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Texto e fotos - Renato Pirauá






