São Vicente acaba de lançar o Projeto de Censo das Casas de Culto de Matriz Africana. O estudo é realizado pelo Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, (COMPIR-SV), em parceria com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SEDHC), o Centro Espírita Umbandista São Jerônimo e o Centro Espírita de Umbanda Santo Antônio.
A iniciativa consiste em um levantamento, nos moldes de um censo, para identificar, reconhecer e dar visibilidade aos espaços religiosos de matriz africana existentes na cidade. O projeto prevê a criação de um banco de dados e a realização de visitas presenciais a terreiros, além de estabelecimentos comerciais voltados a artigos religiosos afro-brasileiros. Ao final, será produzido um relatório que servirá como base para a formulação de políticas públicas voltadas à promoção da igualdade racial e da liberdade religiosa.
Na justificativa, o projeto ressalta a urgência de ampliar o debate sobre o racismo religioso. Lembra ainda que, historicamente, as religiões de matriz africana foram marginalizadas, criminalizadas e silenciadas no Brasil. A herança colonial escravocrata e o racismo estrutural seguem contribuindo para a invisibilização dessas práticas, muitas vezes tratadas como “casos de polícia” em vez de serem reconhecidas como expressões legítimas do patrimônio cultural imaterial brasileiro.
Os terreiros, como reforça o texto, ainda enfrentam inúmeros desafios para exercer sua fé com dignidade e respeito.
A ação também está em sintonia com as diretrizes da Década Internacional de Afrodescendentes (2015–2024), proclamada pela Organização das Nações Unidas (ONU), cujo lema é “Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento”.
“O Censo das Casas de Culto de Matriz Africana é um passo fundamental para garantir o reconhecimento, o respeito e a valorização dessas tradições na nossa cidade. Além de fortalecer políticas públicas voltadas à liberdade religiosa, ele também nos ajuda a combater o preconceito e a intolerância”, destaca Jackson Nunes, secretário de Direitos Humanos e Cidadania de São Vicente.
Para participar do mapeamento, líderes religiosos, representantes, e membros das casas de culto podem acessar o formulário através do link.