Dia 30 de agosto é conhecido como o Dia Nacional de Conscientização Sobre a Esclerose Múltipla, uma data que visa conscientizar e levar informações sobre a doença para a população. Pensando nisso, a Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria da Saúde (Sesau) orienta os munícipes sobre os sintomas, sinais de alerta e quando buscar um tratamento.
O médico neurologista do Complexo de Especialidades Médicas (CEMESV), José Eduardo Gonçalves Guilherme explica o que é a esclerose múltipla: “A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica e autoimune, na qual o sistema imunológico ataca a bainha de mielina (uma camada protetora dos neurônios) no sistema nervoso central, ou seja, cérebro e medula espinhal. Isso gera inflamações e lesões, provocando diversos sinais e sintomas neurológicos”
O profissional ainda enfatiza sobre os sinais que devem servir de alerta: “Fadiga intensa, muitas vezes incapacitante; Formigamentos ou dormência em membros, rosto, braços ou pernas; Fraqueza muscular, dificuldade para caminhar ou perda de força; Problemas de visão, como visão turva, dor ao mover os olhos ou perda de visão parcial; Desequilíbrio, falta de coordenação; Alterações cognitivas, como dificuldade de memória ou concentração; Problemas urinários ou intestinais; Se esses sintomas aparecem de forma recorrente ou persistente, é importante procurar um neurologista”.
“O diagnóstico é feito por meio de: Avaliação clínica, pelo neurologista, com histórico dos sintomas e exame neurológico; Ressonância magnética (cérebro e medula espinhal), que identifica lesões desmielinizantes e, com contraste, pode indicar se há atividade recente; Punção lombar, para análise do líquido cefalorraquidiano, buscando sinais de inflamação ou marcadores sugestivos; Exames complementares, como potenciais evocados (avaliam condução nervosa) e exames de sangue para descartar outras condições; Também costumam ser usados os critérios de McDonald, uma referência internacional para confirmar o diagnóstico conforme evolução dos sintomas e exames”, salienta o Dr.
A doença pode ser classificada em quatro tipos, como explica o neurologista: “Os principais tipos são: Esclerose múltipla remitente-recorrente (EMRR), o mais comum; há surtos de sintomas e períodos de remissão. Com o tempo, podem acumular sequelas; Esclerose múltipla primariamente progressiva (EMPP), progressão contínua de sintomas sem surtos intercalados; Esclerose múltipla secundariamente progressiva (EMSP), inicia como forma remitente-recorrente e, ao longo dos anos, evolui para progressão contínua; Esclerose múltipla progressiva recorrente (EMPR), forma mais rara e grave, com progressão contínua associada a surtos”
O médico destaca que a esclerose não tem cura, mas com o tratamento é possível controlar a frequência da doença e sua gravidade: “Não há cura atualmente, mas há diversos tratamentos que ajudam a controlar a doença, reduzir a frequência e gravidade dos surtos e retardar a progressão, o que pode melhorar bastante a qualidade de vida. O tratamento envolve: medicamentos, reabilitação, suporte multidisciplinar (fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, suporte psicológico) e cuidados sintomáticos”.
Por fim, o Dr. José Eduardo Gonçalves Guilherme destaca a importância do diagnóstico precoce: “O diagnóstico precoce é fundamental, pois permite iniciar o tratamento mais cedo, o que pode: Reduzir a frequência e gravidade dos surtos, retardar a progressão da doença, aumentar as chances de maior qualidade de vida a longo prazo; Em resumo, quanto mais cedo for identificado e tratado, melhor é o prognóstico e maior a possibilidade de evitar sequelas graves”
Atendimento em São Vicente
Para os munícipes que apresentam algum dos sintomas citados, devem procurar um posto de saúde mais próximo, onde na consulta o clínico com suspeita diagnóstica irá encaminhar ao neurologista que se encontra no Complexo de Especialidades Médicas de São Vicente. Após consulta com o especialista (Neurologista), com o diagnóstico ou, em alguns casos, com a suspeita de Esclerose Multipla irá encaminhar o paciente para o Centro de Esclerose Multipla da UNIMES em Santos, com especialistas para o tratamento e continuidade do atendimento ambulatorial.
Por Guilherme Gebara