Pelos corredores do Hospital do Vicentino (HDV), em São Vicente, os sinos anunciam a chegada de alguém muito especial. Por trás do gorro vermelho e da longa barba branca, brilham os olhos atentos e afetuosos de quem faz isso há muito tempo: Marline Shimabuko, mais conhecida como Dona Duca, aos 84 anos, é a mulher que dá vida ao bom velhinho. Para os pacientes do HDV, a visita trouxe o espírito natalino que tanto faltava, aquecendo os corações de quem ali estava e quebrando a rotina clínica com um toque de magia e esperança.
Duca, como prefere ser chamada, dedica-se a essa missão há mais de três décadas. Tudo começou quando ela se sensibilizou ao ver um menino brincar com um ferro de passar roupa como se fosse um carrinho. Naquele momento, Duca soube que precisava voltar para casa e comprar um carrinho de verdade para aquele garoto. “Foi aí que Deus falou comigo: começa aqui uma grande história”, relembra com carinho “a Papai Noel”.
Desde então, Duca e seu time de “andorinhas", como chama seu grupo de amigos que a acompanha durante as visitas, empenham-se no trabalho de recolher e restaurar os brinquedos doados ao longo do ano. No Hospital, não houve ninguém que tenha ficado de fora da alegria e dos mimos trazidos pela turma bem-humorada. Fátima Silva, que acompanhava a mãe de 83 anos internada, ficou emocionada com a surpresa: “Quando ouvi os sinos, falei para a minha mãe: é o Papai Noel!”.
A visita ao Hospital, no entanto, teve um motivo ainda mais especial esse ano para a família e amigos de Dona Duca. Seu fiel ajudante do Papai Noel, como gosta de lembrar do marido que sempre a acompanhava em suas missões natalinas, veio a falecer dois dias antes da visita ao HDV. Durante os 64 anos juntos, Duca conta que essa é a primeira vez que os dois se separam, mas que não há dúvidas de que ele esteja presente neste dia especial. “Eu saio daqui com a sensação de missão cumprida”.