Como o skate cruza ruas, influencia o jeito de vestir e revela formas de ser? Neste sábado (13), às 18, o Espaço Multicultural (Praça 22 de Janeiro - Centro) recebe a exibição gratuita da websérie “Na Rua Cria!”, que transforma essa vivência em narrativa.
Produzido por Padryn (Yago Pontoni) e Tks Lucas — skatista e designer de moda — a obra traz um bate-papo descontraído que mostra como a cultura do skate influencia o estilo de se vestir, a forma de se expressar e até a maneira de enxergar o mundo.
“Me interessei pela arte antes mesmo de saber o que era. Fiz parte do CER (Centro Educacional e Recreativo) quando criança e lá tinha oficina de artesanato. Assim, me envolvi com a costura e me vi fazendo parte da arte. Hoje em dia, vejo a arte em tudo que faço e em tudo que posso fazer. Seja andando de skate, mostrando skate ou relatando histórias de skatistas locais que, de várias formas, somam com a cena”, contou Tks Lucas.
Para ele, o sentimento de realizar a websérie é marcante. “O sentimento de produzir algo que tenha ligação com o skate é de dever cumprido. Desde que comecei a andar [de skate] penso em contribuir de alguma forma com a cena e a cultura, e chegou a minha hora de realizar”.
“Vejo arte como um todo, ela está em todos os lugares. O que faz a diferença é quem está habituado a vê-la ou não. A arte significa expressão até o talo”, brinca.
Padryn, por sua vez, destaca a pluralidade presente no skate: “O mais interessante no projeto é justamente a questão da identidade e da cultura. A moda já é algo muito relevante na construção da nossa identidade. Até nos projetos que já fiz antes, inclusive com o Tks, falamos bastante sobre moda como identidade étnica, como identidade de povo, de como as roupas mostram a nossa cultura. No skate não é diferente. O grande lance é essa pluralidade: existem diversos tipos de pessoas que praticam skate, com estilos, identidades, formas de pensar o mundo e realidades sociais distintas. E isso gera uma convivência sem preconceito, sem distinção”.
Ele reforça o caráter democrático do esporte. “Muito se fala em bolsões sociais, integrar pessoas de diferentes classes sociais, mas o skate já faz isso naturalmente. Independentemente de quanto dinheiro você tem, quando está ali no skate, o que vale é sua dedicação, seu desempenho e o quanto você é real. Não importa se é estiloso ou não, se está na moda ou não. A questão é valorizar a identidade da pessoa e sua forma de expressão”.
“O projeto foi feito pela Lei Paulo Gustavo. A nossa produtora, a Baderna, já trabalha há muito tempo sem verba e sem recursos públicos. Poder contar com esse suporte muda tudo. Antes, muitas vezes fazíamos arte sem retorno financeiro, apenas por paixão. Agora, além de fomentar a cultura, conseguimos enxergar a arte como trabalho. Isso garante que cada pessoa envolvida receba por sua dedicação, sem precisar se preocupar em arrumar outro emprego para se manter. É a possibilidade de continuar nesse ofício com dignidade”, finaliza.
O projeto foi realizado por meio da Lei Paulo Gustavo, com apoio da Secretaria de Cultura de São Vicente (Secult).
Por Maria Fernanda Lopes