Iniciando um novo ciclo de aprendizado, o projeto de artes cênicas da AMEI Narizinho (Tancredo) ganhou destaque na manhã desta quinta-feira (28) com mais um dia de ensaio da peça “O Livro Esquecido”. Sob a orientação da professora Daiane Sandra, o grupo mostra como o teatro pode transformar vidas desde a infância. Antes de entrar no papel das personagens, todos participaram de atividades preparatórias, como alongamento, exercícios de dicção, expressão corporal e facial.
“O Livro Esquecido” trata da importância da leitura em tempos de excesso de telas e resgata o valor das bibliotecas. A intenção, conforme explica a professora Daiane, é fazer com que as crianças reflitam sobre o equilíbrio entre tecnologia e leitura: “As telas são importantes, sim, mas é preciso equilíbrio”.
A professora compartilhou os desafios e conquistas ao conduzir uma oficina de artes cênicas com crianças tão pequenas. Segundo ela, no início do ano muitas crianças apresentavam timidez, principalmente durante as primeiras apresentações para familiares e a comunidade. No entanto, com o tempo, elas passaram a demonstrar mais confiança e entusiasmo.
Um dos marcos no processo de desenvolvimento do grupo foi a participação no FESCETE – Festival de Cenas Teatrais de Santos, no final do primeiro semestre, onde apresentaram “A Menina da Cabeça Quadrada”, inspirada no livro de Emília Nuñez, e, apesar do impacto inicial com o ambiente teatral – como as luzes apagadas e o cenário diferente – os pequenos surpreenderam ao se superar no palco.
Alice Batista, de 5 anos, comentou sobre a sua evolução na Segunda Arte, entusiasmada com as suas próximas produções: “Eu não tenho mais medo do público. Eu posso ser um livro, eu posso ser a menina da cabeça quadrada, eu posso ser tudo que eu quiser”.
Daiane destacou que manter a concentração e a disciplina ainda é um desafio, já que as crianças muitas vezes confundem o brincar com o fazer teatral. Porém, os resultados foram excelentes: melhorias na dicção, redução da timidez, maior expressividade e confiança ao falar.
Ela também observou avanços pedagógicos significativos. Alunos que participam do teatro demonstraram desenvolvimento acima da média, com muitos já em processo de alfabetização, identificando sons das letras e escrevendo.
O teatro tem se consolidado como uma ferramenta pedagógica valiosa dentro do ambiente escolar, contribuindo não apenas para o desenvolvimento artístico dos estudantes, mas também para o desempenho em outras áreas do conhecimento. Segundo o diretor da unidade, Gerson Martins, “o teatro ajuda no desenvolvimento das crianças em outras matérias porque estimula a atenção, a memória e a criatividade, facilitando a aprendizagem. Na socialização, contribui para que elas aprendam a trabalhar em grupo, respeitar os colegas e se expressar melhor.” A prática teatral, portanto, vai além do palco, promovendo habilidades cognitivas e socioemocionais essenciais para a formação integral dos alunos.
Outro ponto positivo está no aumento da frequência escolar. A turma passou a ser uma das mais cheias, motivada pelo compromisso com os ensaios. As crianças aprenderam a diferenciar os momentos de brincar e de ensaiar, desenvolvendo responsabilidade, projeção vocal e concentração, habilidades que, segundo a professora, são valiosas não apenas para a escola, mas para a vida.
Texto - Felipe Falcão
Fotos - Cynthia Rocha