As escolas da rede municipal de São Vicente viveram, nesta quarta-feira (19), momentos de intensa celebração ao Dia da Consciência Negra. Em diferentes regiões da cidade, as unidades AMEI Duque de Caxias (Jardim Guaçu) e AMEI Maria de Lourdes Batista (Parque São Vicente) promoveram atividades que evidenciaram orgulho, ancestralidade e valorização da cultura afro-brasileira, reunindo estudantes, famílias e educadores em uma programação repleta de vivências culturais.
Na unidade do Parque São Vicente, o evento reuniu 350 alunos em oficinas, apresentações artísticas e experiências que destacaram a força da ancestralidade africana e sua contribuição para a construção da identidade brasileira. As crianças experimentaram o acarajé, aprenderam sobre a abayomi — boneca de pano símbolo de resistência — e participaram de rodas de capoeira, dança afro, exposição artística e oficinas sobre tambores e ancestralidade. Os trabalhos produzidos foram expostos ao final do encontro, permitindo que as famílias conferissem de perto o resultado do mês de atividades.
Organizado em parceria com a União de Amparo à Comunidade de Escolas Públicas (Uacep), o evento transformou a escola em um grande espaço de valorização cultural. A assistente de direção Andreza Simões explicou que a ação integra um percurso educativo permanente sobre respeito, diversidade e igualdade. “Todos os alunos participam, do 1º ao 5º ano. Pela manhã trabalhamos a parte teórica, e à tarde, as oficinas, para vivenciarem na prática. É superimportante, porque muitos já se autodeclaram negros e têm essa visão construída aqui na escola”, destacou.
A articuladora da Uacep, Márcia Barbosa, reforçou que o projeto nasceu do alinhamento entre oficinas e calendário pedagógico, mas ganhou força graças ao entusiasmo das crianças. “A cada tema, eles pedem para apresentar coisas novas. Os educadores das oficinas apoiam, e muitas ideias surgem deles mesmos”, afirmou. As turmas também aprenderam o significado das cores dos turbantes, entenderam seus usos sociais e simbólicos e conheceram alimentos típicos da matriz africana.
Já na AMEI Duque de Caxias (Jardim Guaçu), o Workshop da Consciência reuniu estudantes, famílias e educadores para apresentar as produções construídas ao longo do mês. As salas exibiram trabalhos, apresentações culturais, reflexões sobre personalidades negras e atividades voltadas ao fortalecimento da autoestima e do pertencimento dos alunos.
Para a coordenadora pedagógica Paula Gobbo, o encontro marcou o encerramento de um ciclo de aprofundamento sobre questões raciais. “Hoje é a culminância do que eles aprenderam durante o ano. A importância desse trabalho está no pertencimento, na elevação da autoestima e na compreensão das questões raciais”, afirmou.
A participação das famílias foi um dos destaques. A mãe Luciane Gaspar ressaltou a importância dessa aproximação. “Para eles, estar se movimentando, saindo da rotina, é maravilhoso. E para nós, acompanhar o resultado desse projeto é muito gratificante”. A estudante Manuelly, do 5º ano, descreveu sua empolgação. “Eu estava ansiosa para a apresentação, mas foi muito legal. Gostei muito de trabalhar esse tema".
A articuladora escolar Stephane Eugênio, reforçou a relevância da abertura da escola para a comunidade. “Quando a escola mostra o que está realizando, isso se torna muito importante para todos nós”. As oficinas do mês foram inspiradas em personalidades negras de grande representatividade, como Pelé e Conceição Evaristo, trazendo aos estudantes novas referências de protagonismo e mostrando que a história negra vai muito além da narrativa da escravidão.
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Texto - Felipe Falcão e Renato Pirauá