Celebrado nesta quarta-feira (20), o Dia Internacional da Memória Trans reforça a luta contra a violência transfóbica e dá visibilidade às vidas que seguem resistindo diariamente. Entre elas está a de Luam Bernardo, de 27 anos, morador de São Vicente, cuja trajetória revela tanto os desafios enfrentados pela população trans quanto o impacto dos serviços públicos de acolhimento oferecidos pelo Município.
Desde a adolescência, Luam soube que não se reconhecia no corpo que lhe foi imposto. A disforia de gênero (desconforto ou sofrimento causado pela desarmonia entre a identidade de gênero de uma pessoa e o sexo que lhe foi atribuído ao nascer) marcou sua juventude e, ainda menor de idade, pediu ajuda para iniciar cuidados médicos. Apenas ao atingir a maioridade pôde iniciar, de fato, seu processo de transição, buscando atendimento na rede pública de saúde.
Hoje, ele já concluiu os dois anos de acompanhamento psicológico exigidos e foi liberado para a cirurgia de mastectomia (cirurgia para remover total ou parcialmente a mama) pelo psicólogo e pela endocrinologista responsável. O jovem realiza acompanhamento com endocrinologista e ginecologista especializados em homens trans no Hospital Guilherme Álvaro, e mantém o tratamento psicológico na Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania (Sedhc), por meio do Ambulatório Transexualizador.
Com serenidade e expectativa, Luam resume o momento que vive: “Eu já concluí os dois anos de tratamento e fui liberado pelo meu psicológico e pela minha endocrinologista para fazer a cirurgia de mastectomia. Estou pronto".
A trajetória de Luam evidencia a importância dos serviços de acolhimento oferecidos pelo município. O jovem recebe suporte essencial para avançar em sua transição com dignidade, orientação e acompanhamento qualificado. Essa rede municipal de acolhimento inclui apoio psicológico, orientação social, encaminhamentos de saúde, suporte em processos de retificação de nome, acesso à documentação civil e acolhimento em situações de violência ou discriminação. O objetivo é garantir que pessoas trans tenham acesso aos mesmos direitos e oportunidades que todos os cidadãos.
Confira os serviços municipais oferecidos ao público trans:
1. Ambulatório Trans – acompanhamento terapêutico e social.
2. Programa de empregabilidade (parceria com empresas do Centro).
3. Cursos e capacitações profissionalizantes (parceria com o Governo de SP).
4. Acesso à documentação civil (RG e Certidão de Nascimento).
5. Mutirões de retificação de nome e gênero (em parcria com a Defensoria Pública).
6. Balcão de Violação de Direitos Humanos.
7. Formações para servidores sobre diversidade e gênero.
8. Regulamentação do nome social no serviço público municipal.
Os atendimentos podem ser agendados na Rua José Bonifácio, 404 - 1° andar (Centro) ou pelo e-mail sedhc.saovicente@gmail.com
Por Maria Fernanda Lopes