Para dizer muito obrigado em libras, deve-se colocar a ponta dos dedos de uma mão na testa e a outra no meio do peito e, logo após, fazer um movimento de projeção para frente. Tanto o movimento quanto a palavra são simples de serem realizados, mas o significado que carregam são muito grandes, principalmente se ditos ou expressados como uma forma de gratidão às pessoas que ajudaram.
Esse é o sentimento que Cláudia Fagundes da Silva tem pelo seu filho, Diego Fagundes do Espírito Santo, de 37 anos. Claudia teve rubéola no período de gravidez, o que gerou sequelas para o seu filho: “Eu tive o Diego com 16 para 17 anos. Durante a gravidez, tive rubéola e ele acabou nascendo com a rubéola congênita. Meu filho é bilateral profundo, não escuta pelos dois ouvidos. Ele também tem baixa visão no olho direito (11%) e não enxerga mais pelo olho esquerdo”.
Diego utiliza um óculos especial, que tem 15 graus. Por conta da especificidade, o custo aumentava anualmente, o que gerou preocupação na família: “Meu filho dorme, toma banho, faz tudo com os óculos. O que gera alguns danos. Como ele tem que usar um grau específico, o custo acaba ficando muito alto. Se eu tivesse que pagar do meu bolso sairia entre 3 e 5 mil reais, e eu não tenho condições”.
Tentando achar alternativas para conseguir o acessório, Claudia foi até a Secretaria da Saúde para saber o que poderia ser feito: “Eu estava desesperada para conseguir. Eu cheguei à Secretaria e me informaram o caminho que deveria ser feito. Então, eu, em conjunto com a advogada, entrei com pedido para a compra dos óculos. Depois que vim aqui, percebi todo o processo necessário para o pedido sair das mãos do juiz e chegar à Secretaria. Depois que chegou, em uma semana eles me encaminharam para o Visão do Bem, que é a unidade de referência, e lá fizeram os óculos para meu filho. Ele ficou muito feliz, pôde escolher o modelo que queria e fez um parecido com o do John Travolta”.
Como forma de agradecimento, Claudia foi com Diego conhecer as pessoas que ajudaram nesse caminho: “Eu sentia que precisava vir até a Secretaria agradecer pessoalmente ao Dr. Reinaldo Guedes, que me telefonou e comunicou sobre os óculos, e à Dona Michelle. Ela fez um bem muito grande na minha vida, e eu sentia que precisava fechar esse ciclo. Muitas vezes, a gente pede, critica, mas esquece de agradecer. Então, eu vim até aqui dizer o quanto sou grata”.
Ser mãe do Diego, a fez descobrir uma paixão: ser professora de Libras: “Quando o meu filho tinha 3 anos, comecei a estudar Libras, porque meu pensamento era: não vou conseguir trazer meu filho para o mundo de ouvintes, então tenho que aprender a me comunicar no mundo dele. Comecei a fazer cursos em igrejas e locais que ofereciam, porque na minha época não tinha faculdade voltada para Libras. Hoje, sou professora de Libras e faço pós-graduação em alfabetização letramento especializado, para qualquer tipo de deficiência. Também tenho um canal, o @claulibras, lá eu coloco algumas aulas. As pessoas falam: 'se não fosse você, o que seria do Diego?' Se não fosse o Diego, eu não sei o que seria de mim”.