Os moradores do bairro Pompeba, em São Vicente, começaram a sexta-feira (30) com uma programação que vai muito além da prestação de serviços. O Fundo Social de Solidariedade (FSS) de São Vicente levou para dentro da comunidade uma grande ação social que ofertou serviços de cidadania, saúde, assistência e, acima de tudo, informação e acolhimento. O evento faz parte do projeto “Fundo Social nos Bairros”, idealizado pela presidente do FSS, Thaynã Amado, com o objetivo de aproximar os serviços da população que enfrenta maiores desafios sociais e, muitas vezes, não conhece os benefícios e programas oferecidos no município.
As equipes da Secretaria da Saúde (Sesau) realizaram aferição de pressão, testes de glicemia, atualização vacinal e orientações sobre saúde bucal e prevenção de zoonoses. Paralelamente, o espaço também virou um verdadeiro ponto de cidadania, com atendimentos do Serviço de Informações ao Cidadão (SIC), que disponibilizou a emissão de segunda via de documentos como RG, CPF e certidões, e do CadÚnico, responsável pela atualização dos cadastros para acesso aos programas sociais.
Entre um atendimento e outro, a mulherada disputava espaço no Cabide Solidário, que, mais uma vez, levou autoestima e sorrisos a quem pôde escolher roupas como se estivesse em uma loja, mas sem custo algum. As peças, cuidadosamente selecionadas, foram fruto de doações e passaram por triagem no Fundo Social.
Durante a tarde, o foco se voltou para a informação e a conscientização. As mulheres presentes participaram de duas importantes palestras, que abriram espaço para temas muitas vezes esquecidos, mas absolutamente necessários. A enfermeira Melina Cruz, que integra a equipe do Consultório na Rua, falou sobre saúde menstrual, reprodutiva e a importância do autocuidado. “Muitas vezes as mulheres não sabem que aquele desconforto que sentem ou aquela situação pela qual passam tem nome, tem explicação, e, mais do que isso, tem solução. O conhecimento sobre o próprio corpo salva, previne e abre caminhos para o cuidado que, muitas vezes, nunca chegou até elas”, destacou.
Na sequência, a assessora de Políticas Públicas para Mulheres da Secretaria de Governo (Segov), Bruna Maria Lopes, trouxe um diálogo fundamental sobre violência doméstica. Com uma abordagem didática, apresentou o ciclo da violência e reforçou os canais de denúncia disponíveis no município, além dos serviços de proteção, como a Sala Guardiã Maria da Penha, instalada na sede da GCM. “Uma informação pode salvar uma vida. E quando a gente orienta uma mulher a reconhecer os sinais da violência, ela entende que não está sozinha. Nosso trabalho é garantir que ela saiba que existem leis, serviços e uma rede de apoio pronta para acolher”, afirmou.
Toda essa mobilização também serviu como vitrine para divulgar o Portal Mulher Vicentina, ferramenta digital que concentra informações sobre diversos serviços voltados à saúde da mulher, maternidade, segurança, cidadania e programas de apoio, como o Acolhe Mãe, que oferece acompanhamento psicológico às gestantes e às mães no pós-parto. Para Estela Diovara, de 27 anos, mãe de primeira viagem, a oportunidade de participar foi transformadora. “Foi muito importante, principalmente pra mim, que sou mãe agora. Aprendi coisas que nunca tinha ouvido, como a importância de conhecer meu próprio corpo”, destaca.
Yara Lima, de 21 anos, também participou das atividades e saiu do evento com uma nova percepção sobre autocuidado e saúde. “Aprendi muita coisa que eu não sabia. Teve uma hora que eu até falei: ‘Nossa, já tava saindo um negócio estranho no meu peito e agora eu sei que preciso procurar ajuda’. A gente precisa muito dessa conscientização, tanto sobre nosso corpo quanto sobre os sinais da violência. É maravilhoso ver isso chegando no bairro”, conta.
Quem passou pelo local pôde não apenas sair com documentos atualizados, roupas novas ou vacinas em dia, mas também com um olhar renovado sobre os próprios direitos. Para dona Adelaide de Oliveira, de 82 anos, moradora da região, ações como essa fazem toda a diferença. “Nem sempre a gente consegue ir até o Centro ou sabe onde procurar ajuda. Hoje eu consegui resolver tanta coisa que estava parada na minha vida. Isso aqui é uma bênção.”
A assessora do Fundo Social, Geovana Almeida, falou sobre a importância de levar o projeto até as comunidades. “A gente percebe, no rosto de cada pessoa que passa por aqui, o quanto essa proximidade faz sentido. Mais do que entregar serviço, a gente entrega dignidade, carinho e presença. É isso que nos move.”
Somente neste ano, o projeto “Fundo Social nos Bairros” já percorreu oito comunidades diferentes, levando cidadania, saúde, informação e apoio social a centenas de famílias. Um trabalho que segue fazendo a diferença, bairro a bairro, com a força de quem acredita na transformação que nasce da solidariedade.
Por Jessica Costabile