Tocar vértebras de baleia, observar de perto a arcada dentária de um tubarão e sentir com as próprias mãos o impacto da poluição nos oceanos. Foi assim que 45 alunos do 5º ano da Unidade Educacional Prefeito Antônio Fernando dos Reis, em São Vicente, vivenciaram uma verdadeira imersão ambiental na manhã desta segunda-feira (10), com a chegada do Museu Itinerante de Biologia Marinha, iniciativa do Instituto Biopesca, com parceria da Secretaria de Educação (Seduc).
A atividade, que integra a programação especial do Mês do Meio Ambiente, transformou a escola em sala viva de educação ecológica. Crianças das três turmas do 5º ano participaram da aula prática, que apresentou exemplares reais de animais marinhos como tartarugas, golfinhos, baleias, além de resíduos retirados diretamente do estômago desses animais.
A aula começou quando a equipe do Biopesca perguntou: “Qual é um dos maiores problemas dos oceanos?”. De imediato, as crianças responderam “Lixo”. A partir disso, foram apresentados os impactos reais dos resíduos sólidos no fundo do mar. Foram apresentados os animais que são monitorados diariamente nas praias, proporcionando uma experiência sensorial e educativa ao mesmo tempo.
Criado em 1998 em Praia Grande, o Instituto Biopesca é uma Organização Não Governamental (ONG) que desenvolve pesquisas sobre a relação entre a pesca artesanal e a fauna marinha. O convívio próximo com comunidades pesqueiras criou uma rede de confiança: pescadores informam os pesquisadores sobre capturas acidentais de animais como golfinhos e tartarugas. Além do monitoramento diário das praias, o Biopesca realiza atividades educativas como o museu itinerante, que circulará por mais duas escolas vicentinas neste mês — no dia 24 na UE Anuar Frayha (R. José Adriano Marrey Júnior - Cidade Náutica) e no dia 26 na AMEI Narizinho (R. Alexandre Figueiredo e Cunha, 41 - Cidade Náutica).
Para a assessora pedagógica da Seduc no Núcleo de Educação Ambiental, Eliana Santos Isidoro, a parceria com o Instituto tem ampliado o alcance da consciência ambiental na rede municipal. “Essa união vem desde 2022 e é renovada a cada ano. Além das visitas às escolas, o instituto oferece cursos de formação sobre a Década do Oceano e mudanças climáticas para os professores da rede. Nosso objetivo é que os alunos entendam que tudo está conectado — o mar, o lixo, o clima e nossas atitudes diárias”, explicou.
A professora Juliana Camilo, que desenvolve o projeto “Arte e Ciência do Mar” com os alunos, viu na atividade a oportunidade ideal para aprofundar o conteúdo já debatido em sala. “Eles moram perto da praia, frequentam e convivem com esse ambiente. Mas não têm noção do que está além da superfície. Essa aula trouxe esse olhar mais crítico, mais consciente. E o melhor: eles se empolgaram, participaram e se emocionaram. Com certeza vão levar isso pra vida”.
A emoção e o aprendizado também marcaram os depoimentos dos alunos. Maitê Grangeiro, de 10 anos, destaca que o mais impressionante foi o casco da tartaruga, ficando surpresa ao saber que o lixo despejado no chão também pode ir parar no mar. “Eu vou contar pra minha família tudo o que aprendi. A gente viu que tem que cuidar da natureza, porque senão os animais podem morrer”.
Samuel Pérez, também de 10 anos, foi impactado ao ver a arcada de um tubarão de perto. “Foi a primeira vez que vi. E agora entendo porque não se pode jogar lixo no chão. Vai parar no oceano”, refletiu. Já Sérgio Ronaldo, da mesma idade, foi direto: “Se eu pudesse, pegava um barco e ia recolher todos os lixos do mar. Gostei demais da aula”.
Segundo a assessora pedagógica da Seduc, também no Núcleo de Educação Ambiental, Regina Morais, o projeto casou perfeitamente com os temas já trabalhados pelo Núcleo de Educação Ambiental. “A professora da unidade já vinha desenvolvendo um trabalho sobre a Década do Oceano, e a gente também está com uma gincana nas escolas com essa mesma temática. Então, essa ação veio na hora certa. É diferente só falar sobre o lixo no mar e mostrar na prática que os animais foram impactados por ele. Aqui as crianças estão vendo de perto como o descarte incorreto afeta o oceano, os animais e, consequentemente, a nossa própria vida. É uma forma muito eficaz de educar, de sensibilizar. Está fazendo toda a diferença”.
A proposta da Educação Ambiental é expandir cada vez mais o alcance do museu itinerante, levando ciência viva, emoção e consciência ecológica para dentro das escolas.