Fernanda dos Santos Gonçalves, mãe de Maria Helena, de apenas 5 meses, não imaginou que depois de anos tentando engravidar a descoberta da gestação chegaria em meio a um misto de emoções como tristeza, medo, culpa e, depois, alegria.
“Eu planejei a Maria por 2 anos, não consegui durante esses 2 anos de jeito nenhum, por conta do trabalho. Durante este período, infelizmente, eu perdi a minha mãe. Ela pediu muito uma neta quando estava no hospital e foi a minha mãe que deu o nome da minha filha”, relembra Fernanda, emocionada.
Pouco tempo depois, ela decidiu pedir demissão:
“Consegui uma vaga em outra empresa e ali, a vida foi melhorando”.
Em janeiro de 2024, realizada em sua vida profissional, Fernanda tinha voltado a sair com a família, a saúde havia melhorado e tudo estava se encaixando, aos poucos, depois da perda tão significativa de sua mãe. Em abril, descobriu a gravidez e junto com ela, veio o choque.
“Não era o que eu esperava, porque eu queria trabalhar, eu queria descobrir a gravidez depois, esse era o meu pensamento. Então, para mim, foi meio que um baque. Na parte emocional, a cabeça começou: ‘O que eu fiz? E agora? O que eu vou fazer? Como é que vai ser? Meu corpo vai mudar?’. Eu sempre fui muito vaidosa e a maternidade cobra muito da gente".
Em meio ao luto pela perda da mãe, mudança de emprego e as incertezas e dúvidas durante o período da gravidez, ela encontrou no programa Acolhe Mãe, em São Vicente, um refúgio para um lugar seguro, em que podia ser ouvida sem julgamentos. “Em casa eu não tinha ninguém para me ouvir, meu esposo trabalhava. Então quando eu descobri o Acolhe, eu pensei : vou ter para onde fugir, vou ter alguém que vai me ouvir e não vai me julgar, porque, no começo, eu não achei linda a gravidez. A descoberta foi um choque”.
Fernanda também relembrou como o programa trouxe uma nova perspectiva sobre as responsabilidades e dúvidas que chegam junto com o nascimento de um bebê:
“Eu pensava: Agora que vou ter um bebê, não vou poder mais ir a certos lugares, não vou poder fazer mais aquilo que eu fazia, mas, durante o projeto, durante as consultas, fui começando a mudar a minha percepção”.
Em São Vicente, o programa Acolhe Mãe oferece apoio psicológico gratuito para gestantes e puérperas que, assim como Fernanda, enfrentam desafios emocionais nesse período de tantas mudanças. O programa é voltado para gestantes que estejam realizando o pré-natal em uma das Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade. Para solicitar o atendimento é necessário apresentar encaminhamento médico ou de um profissional de enfermagem, CPF, RG, comprovante de residência, cartão do SUS e indicar a UBS de referência.
A história de Fernanda descreve o que muitas mulheres vivem, mas nem sempre conseguem expressar: a maternidade não é feita apenas de momentos bons, também existem dúvidas e angústias.
Maio, tradicionalmente conhecido como o mês das mães, também é o momento de falar sobre saúde mental materna. A campanha Maio furta-cor reforça exatamente isso, assim como a cor que muda conforme a luz, a maternidade é feita de vários detalhes e sentimentos.
Por: Maria Fernanda Lopes